Anais do I Simpósio Brasileiro de Morfologia Comparada de Vertebrados

A linhagem dos crocodiliformes tem passado por diversas mudanças durante sua história evolutiva, desencadeando uma disparidade morfológica craniana marcante, sendo o Mioceno o tempo geológico de maior diversidade dos mesmos, com indivíduos exibindo grandes dimensões corpóreas, as quais não muito evidentes em grupos recentes. Caimaninae é um grupo predominante no Mioceno da América do Sul, sendo alguns considerados os mais bem representados e registrados até hoje, principalmente devido aos seus diferentes ecomorfótipos e tamanhos. Estimativas de tamanho e massa corpóreos dos indivíduos têm uma forte correlação com o paleoambiente e paleobiologia do animal. Portanto, esses parâmetros foram estimados em três diferentes caimanines fósseis: Acresuchus, Mourasuchus e Purussaurus, devido às suas peculiaridades e numerosos registros fósseis. Foram feitas medidas corporais crocodilianos atuais, servindo de parâmetro para as estimativas em jacarés extintos, e medidas cranianas dorsais em nove espécimes dos caimanines fósseis. A análise dos dados foi baseada em literatura prévia, pela regressão de mínimos quadrados ordinários e tiveram transformação logarítmica, desenvolvidos no ambiente R versão 3.6.3. Pôde-se notar uma grande variedade de massas e tamanhos, sendo Mourasuchus chegando a pesar de uma a quatro toneladas e meia, e a medir de cinco a oito metros e meio. Purussaurus apresentou de seis a dez metros e meio de comprimento e duas a oito toneladas e meia de massa, enquanto que Acresuchus apresentou menor massa e tamanho, como esperado. É proposto que o paleoambiente que esses super jacarés habitavam caracterizava-se por grandes sistemas de lagos, rios e áreas inundadas, além de clima sazonal propício à sobrevivência e alguns eventos, como a Formação do Istmo do Panamá, soerguimento dos Andes, tornando a fauna de crocodiliformes diversa.