A morfologia pode predizer o comportamento? Relações entre o comportamento vocal e a musculatura subgular em Hylodidae (Amphibia: Anura)

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Detalhes
  • Tipo de apresentação: Apresentação Oral
  • Eixo temático: Morfologia funcional
  • Palavras chaves: Comunicação visual; Crossodactylus; Hylodes; Musculatura subgular; Saco vocal;
  • 1 Universidade Federal de Minas Gerais
  • 2 Instituto Nacional da Mata Atlântica

A morfologia pode predizer o comportamento? Relações entre o comportamento vocal e a musculatura subgular em Hylodidae (Amphibia: Anura)

Rachel Montesinos

Universidade Federal de Minas Gerais

Resumo

Machos adultos da maioria dos anuros possuem saco vocal que pode ser definido como uma evaginação da cavidade bucal que se abre através da fenda vocal, suportado pelos músculos subgulares – mm. intermandibularis e interhyoideus. Externamente, o saco é tradicionalmente dividido em três tipos: subgular simples, subgular duplo e lateral duplo. A família Hylodidae, composta pelos gêneros Crossodactylus, Hylodes e Megaelosia, representa um bom modelo de estudo dessa variação. A maioria dos Hylodes e Megaelosia apresenta saco duplo lateral, enquanto em Crossodactylus o saco duplo subgular é mais observado. Apesar da variação externa, internamente todos os hilodídeos possuem o saco vocal se projetando ventralmente através da abertura do m. interhyoideus, sendo uma sinapormofia para a família. A capacidade de inflar independentemente cada um dos sacos duplos laterais foi reportada em Hylodes japi, podendo também representar uma comunicação visual. Posteriormente, foi hipotetizado que esse comportamento só era possível devido a morfologia da musculatura associada ao saco vocal observada em Hylodidae. Este trabalho objetivou verificar nossa hipótese de que todos os hilodídeos são capazes de inflar os sacos independentemente. Foram realizadas expedições de campo no município de Santa Teresa, ES, bem como análise de vídeos, a fim de registrar o comportamento vocal em indivíduos de C. timbuhy, H. asper, H. lateristrigatus e H. phyllodes. O comportamento de inflar os sacos independentemente foi observado em todas as espécies observadas, representando o primeiro registro para Crossodactylus. Concluímos que a observação da musculatura subgular nos permite inferir a habilidade de inflar os sacos independentemente, mesmo sem a observação direta do comportamento. Além disso, dada a mesma morfologia interna observada em Megaelosia apuana e a otimização desse caráter na filogenia de Hylodidae, nós também inferimos que espécies de Megaelosia que possuem saco vocal também são capazes do mesmo comportamento observado em Hylodes e Crossodactylus.

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Rachel Montesinos

Obrigada Sara.

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Rachel Montesinos

Olá Fernanda, muito obrigada pelo incentivo :) 

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Rachel Montesinos

Olá Ana, muito obrigada <3 

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Rachel Montesinos

Olá Ash,

Essas descobertas ainda são muito recentes e não temos muitos testes a respeito. O que se especula é que essa é uma forma de territorialidade (as espécies de Hylodidae são bastante territorialistas), e que o macho infla o saco que está na direção de um outro macho que potencialmente está invadindo seu território. Os sacos dessas espécies são mais claras que o resto do corpo, então ao inflar o ar, parece um tipo de "flash" em direção ao outro macho.

Até o momento não observamos nenhuma alteração dos parâmetros acústicos quando inflam um ou dois sacos. Mas de fato é algo que merece ser investigado com detalhe.

Muito obrigada pelos elogios e incentivo :)