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Eliane Gonçalves Gomes
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
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Crie um tópicoA agricultura brasileira é fortemente concentrada no que se refere à renda. Os dados do censo agropecuário de 2017 ratificam o que se observou no censo agropecuário de 2006: a agricultura brasileira, em nível municipal, continuou com alta concentração de renda em 2017, medida pelo índice de Gini, com menos de 1% dos estabelecimentos responsáveis por 50% do valor total da produção. Para reduzir diferenças e aumentar a produtividade é necessário o controle das imperfeições de mercado.
Neste artigo ajustou-se uma representação de Cobb-Douglas para a função de produção, em uma abordagem típica de fronteira de produção estocástica. A fonte de dados utilizada foi o censo agropecuário brasileiro de 2017. Os dados dos estabelecimentos rurais foram agregados por município. Foram usados dados de 5.236 municípios, o que representa 94% do total de municípios no Brasil (5.570). Esses municípios compreendem 4.916.083 estabelecimentos rurais, 97% do total de estabelecimentos investigados no censo agropecuário de 2017 (5.073.324).
Exploraram-se as informações do censo agropecuário de 2017 para avaliar a significância estatística das elasticidades dos fatores de produção e de outras variáveis contextuais (relacionadas às imperfeições de mercado) que afetam a produção direta e indiretamente por meio da componente de eficiência técnica. A produção é a declarada como receita bruta da agricultura e os insumos são terra, mão de obra e insumos tecnológicos. As variáveis contextuais escolhidas foram definidas por um índice municipal de uso relativo de práticas agrícolas ecológicas, crédito financeiro, participação em cooperativas, educação e assistência técnica. Essas variáveis são todas proxies para imperfeições de mercado.
Concluiu-se que uma representação Cobb-Douglas para a fronteira com erros normais idiossincráticos e erros de eficiência distribuídos exponencialmente ajusta-se bem aos dados. A fronteira de produção mostrou retornos à escala estritamente decrescentes, a tecnologia apresentou a maior elasticidade relativa, seguida por mão de obra e terra. As boas práticas ambientais podem reduzir significativamente a ineficiência, na média, bem como a alfabetização, a participação em cooperativas e o crédito, contribuindo positivamente para aumentar a produção. A assistência técnica teve um efeito positivo e significativo na produção.
No geral, os dados do censo agropecuário de 2017 indicam a região Centro-Oeste como a região com melhor desempenho e a região Nordeste a pior. Boas práticas agrícolas (ambientais) mostraram a maior variabilidade entre as regiões. Estas incluem variáveis como plantio em curvas de nível, rotação de culturas, descanso do solo, conservação de encostas e taludes, manejo florestal e preparação do solo. Vê-se aqui espaço para um aumento significativo de eficiência e, portanto, indiretamente, de renda.
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