Anais do Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva
Anais do 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva

Apresentação/Introdução
A doença falciforme (DF) é a doença genética mais comum do Brasil e acomete, principalmente, afrodescendentes. Sintomas do trato urinário inferior (STUI) – enurese, urgência, incontinência e nocturia- são eventualmente relatados, mas estudos acerca da prevalência e do impacto dos mesmos na qualidade de vida desta população são escassos


Objetivos
Avaliar aspectos epidemiológicos dos STUI e o impacto dos mesmos na vida dosindivíduos com DF visando uma melhor abordagem terapêutica eelaboração de políticas públicas e minimização dos agravos associados.


Metodologia
Trata-se de estudo transversal observacional que avaliou pacientes entre cinco e 21anos, com DF, acompanhados em centro de referência entre os meses de setembro de2016 e julho de 2017. Utilizou-se questionário estruturado com aspectossociodemográficos e dos STUI (enurese, noctúria, urgência, incontinência, idade deabandono das fraldas e impacto do(s) sintoma(s) na qualidade de vida) composto por 07questões.


Resultados
Avaliou-se 81 sujeitos com idade de 10[7-14] anos e discreta predominância do sexo feminino. Baseado nos sintomas, 51(63%) foram considerados sintomáticos, sendo que a enurese noturna foi o sintoma mais frequente, presente em 28 sujeitos (34,57%), seguida de nocturia 19(23,4%), urgência 17(21%) e incontinência diurna em12(14,8%). Pacientes sintomáticos apresentaram escores de qualidade de vida significativamente menores que os assintomáticos, respectivamente 7,93±2,78 e 9,36±1,36 (p=0,024).Dos sintomáticos, 23/51 (45%) consideram que os STUI impactam gravemente sua qualidade de vida.


Conclusões/Considerações
Os STUI são altamente prevalentes em crianças e adolescentes com DF e têm um significativo impacto negativo na QV. Apesar de não serem habitualmente associados à DF, em virtude do desconforto gerado, entendemos que tais sintomas devam receber maior atenção nas avaliações clínicas desta população.Tais achadosimpõem que a investigação dos STUI na população pediátrica com DF some-se à avaliação rotineira.