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Apresentação/Introdução
Nos estudos sobre o trabalho, a diferença entre gêneros tem sido amplamente discutida, assim como as condições de trabalho e seus determinantes como grande tema de relevância para quem trabalha no SUS. No setor saúde predomina a força de trabalho do gênero feminino, principalmente na área de enfermagem, associado ao termo “cuidar”.
Objetivos
Analisar as perspectivas de profissionais de saúde (médicos e enfermeiros), com um recorte de gênero, sobre as condições de trabalho em dois hospitais públicos de um município de grande porte.
Metodologia
Trata-se de estudo transversal. Foram auto-aplicados 181 Questionários sobre Condições de Trabalho (qCT), na dimensão quantitativa, respondidos no próprio local de trabalho por 80 médicos (72,1%), 31 médicas (27,9%), 22 enfermeiros (31,4%) e 48 enfermeiras (68,6%). O qCT é composto por 6 escalas Likert (0 a 10), cada uma com dois pares das seguintes dimensões: regulação, desenvolvimento, material, social, ajuste da organização às pessoas e das pessoas à organização. Os dados categóricos foram apresentados por frequências e proporções, enquanto os dados numéricos foram descritos por médias e desvios-padrão. Consoante o modelo não paramétrico, foi utilizado o teste de Mann-Whitney com p≤ 0,05.
Resultados
Houve diferença estatística significativa entre os gêneros nas escalas da regulação (medem carga de trabalho, retribuição econômica, conciliação entre profissão e vida privada - p 0,00), ao desenvolvimento (avalia autonomia no exercício profissional, relação com a direção - p 0,02 ), ao ajuste da organização às pessoas e das pessoas à organização (relacionado à satisfação de expectativas, reconhecimento do mérito pela chefia, motivação, concordância com os valores, adaptação e interiorização de normas - p 0,02). Não houve significância quanto às condições materiais de trabalho e aos aspectos sociais (companheirismo, respeito pelo grupo, reconhecimento do trabalho pelos colegas e usuários).
Conclusões/Considerações
Os resultados captam contradições: médicas e enfermeiras tolerariam condições inadequadas e discriminação no trabalho; mas em relação às dimensões das escalas de regulação, desenvolvimento e organização/pessoas/organização, vivenciariam de modo intensificado problemas no ambiente de trabalho. Esse estudo evidenciou que o recorte por gênero pode apreender as contradições vividas pelas profissionais quanto a condições desfavoráveis de trabalho.
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