Anais do Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva
Anais do 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva

Apresentação/Introdução
A morte materna é um grave problema de saúde pública. Para o seu enfrentamento, recomenda-se o estudo dos casos de Morbidade Materna Grave – MMG (Condições Potencialmente Ameaçadoras à Vida – CPAV e Near Miss Materno – NMM). O estudo das MMGs viabiliza o conhecimento dos fatores que contribuem para o óbito, com a vantagem de levantar maior volume de informações em relação ao estudo das mortes.


Objetivos
Investigar a frequência e os fatores de risco associados à Morbidade Materna Grave entre mulheres atendidas em hospitais da rede pública de um município brasileiro.


Metodologia
Vigilância das MMGs utilizando os critérios da Organização Mundial de Saúde para Condições Potencialmente Ameaçadoras à Vida e Near Miss Materno. Os casos foram identificados entre agosto de 2015 e fevereiro de 2016. Realizou-se uma análise de subgrupo entre mulheres que fizeram pré-natal em unidades de saúde previamente selecionadas, seguindo o método de caso-controle. Participaram desta análise 1.098 mulheres (91 casos e 1.007 controles) internadas para o parto, em quatro instituições públicas que oferecem assistência obstétrica no município. Calculou-se indicadores de morbidade e mortalidade, Odds Ratio (OR), Intervalo de Confiança (IC) (95%) e Regressão Logística Múltipla.


Resultados
Nos hospitais estudados ocorreram 3.497 partos, 3.502 Nascidos Vivos (NV), 02 mortes maternas e 19 NMM. A Razão do NMM foi de 5,4 casos por 1.000 NV e a Razão de Mortalidade Materna foi de 57,1 óbitos por 100.000 NV. A taxa de mortalidade entre os casos com desfecho materno grave (somados os casos de NMM e morte materna) foi de 9,5%. A análise múltipla mostrou associação entre MMG e gestação de risco (maiores chances de evolução desfavorável da saúde materna ou fetal) (OR 4,5, IC 2,6-7,6), cesárea atual (OR 2,0, IC 1,1-3,7) e trabalho de parto induzido (OR 2,1, IC 1,2-3,9).


Conclusões/Considerações
Observou-se significativa frequência de MMG na população estudada, e os fatores de risco estão relacionados principalmente à assistência, não sendo observados aspectos sociodemográficos associados. Os resultados poderão contribuir para a melhoria da política local de assistência obstétrica.