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Apresentação/Introdução
Os mapas da violência do Brasil dos últimos anos indicam que a juventude negra brasileira tem sido a principal vítima das mortes violentas intencionais, especialmente os jovens negros. Quando se considera as intersecções entre raça, gênero e classe social, assim como, a inclusão da violência doméstica, são os jovens pretos das periferias mais pobres e as mulheres negras as principais vítimas.
Objetivos
Traçar o perfil de ocorrência de eventos violentos não-fatais e fatais que atingem jovens de 15 e 29 anos em três capitais do Nordeste - Salvador, Recife e Fortaleza - considerando a associação entre raça/cor e tipo de violência
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo baseados em dados extraídos do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes/VIVA (2009 -2014) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade/SIM (2003-2010). Foram focalizadas a identificação e a descrição de modalidades de violência sofridas por jovens de 15 a 29 anos nas três capitais nordestinas, considerando o mapeamento de eventos fatais e não fatais que repercutem sobre a morbidade e a mortalidade da população jovem, bem como sobre a vulnerabilidade deste segmento à violência. Os dados do sistema VIVA e do SIM foram processados através do programa SPSS, versão 20.0.
Resultados
De 2009 a 2014, foram notificados ao Sistema de Vigilância VIVA das três capitais investigadas os seguintes casos: Salvador - 6742; Fortaleza - 1203; Recife - 3046. Prevalece nas 3 capitais a violência física na faixa jovem-adolescente (15 a 18 anos), vítimas do sexo feminino, negras e agressor masculino e desconhecido. Quanto à mortalidade, o perfil de gênero se inverte. Conforme dados do SIM 2003-2013 foram registrados: Salvador - 17.320 óbitos, Fortaleza - 21.384, Recife - 6.871. Encontramos um padrão similar nas três capitais com maior frequência das mortes para jovens do sexo masculino (8%), com idade entre 19 e 24 anos (>42%), negros (>80%), com 9 a 11 anos de escolaridade (>40%).
Conclusões/Considerações
Nas três capitais estudadas, as jovens negras são as principais vítimas de violências não-fatais e os jovens negros da violência letal. Os resultados corroboram a tese que as interseções entre raça/cor e gênero influenciam a vulnerabilidade de jovens à violência e reforçam a importância de valorizar a dinâmica relacional de processos sociais, notadamente, o racismo e as desigualdades de gênero no estudo da violência.
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