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Apresentação/Introdução
Com a possibilidade de acesso a tecnologias reprodutivas cresce o número de mulheres em relação homoafetiva que acessam o sistema de saúde para cuidados durante a gravidez, parto e pós-parto. Estudos mostram que a qualidade do atendimento pode ser afetada pelas atitudes e ações dos profissionais de saúde e apontam a necessidade de mais pesquisas que contemplem as experiências dessas mulheres.
Objetivos
Diante da escassez de estudos nacionais com esse enfoque, o objetivo deste trabalho é descrever e analisar interações sociais de casais de mulheres com as instituições e profissionais de saúde durante a gravidez até após o parto.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo em que foram entrevistadas 19 mulheres que tiveram filhos biológicos durante uma relação homoafetiva. Por meio de uma rede de contatos (Internet, indicação, entre outros) buscou-se casais de mulheres que foram atendidas durante o período gravídico-puerperal no sistema público ou suplementar de saúde. Foram realizadas entrevistas individuais em profundidade no período de Dezembro de 2015 a Janeiro de 2017 seguindo um roteiro semi-estruturado. As entrevistas foram transcritas integralmente e foi realizada a análise temática do material selecionado. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública/USP.
Resultados
Este estudo totaliza 10 histórias de famílias homoafetivas, seis residentes em São Paulo e quatro em Poá e Mogi das Cruzes. Apesar da avaliação positiva da assistência em geral, observou-se a dificuldade da inclusão da parceira que não estava grávida nos momentos de consulta e procedimentos médicos, questionamentos sobre a legitimidade do casal e algumas situações de discriminação e de violação de direitos. Clínicas e hospitais estavam organizados para receber casais heterossexuais, com formulários e orientações voltadas para pai/mãe, e entrega de “pulseirinhas do papai” para que as parceiras pudessem ter acesso ao bebê após o nascimento.
Conclusões/Considerações
Diversas estratégias foram utilizadas pelos casais na tentativa de garantir direitos e minimizar desconfortos e discriminações perante as instituições e profissionais de saúde, em geral despreparados para oferecer assistência adequada a casais homoafetivos. A perspectiva destas mulheres demonstra que aspectos heteronormativos na assistência podem ter impacto em sua saúde mental e física e no processo de constituição de vínculos parentais.
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