GÊNERO, DIFICULDADE FINANCEIRA E SINTOMAS DEPRESSIVOS EM APOSENTADAS/OS DO ELSA-BRASIL: HÁ DIFERENÇAS NO EFEITO DE RENDA E ATIVIDADE LABORAL?

Vol 1, 2018 - 101687
Comunicação Oral Curta
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Resumo

Apresentação/Introdução
A vivência da aposentadoria é influenciada por características de gênero, raça e classe social. Desigualdades de gênero são refletidas nos empregos, na renda e nas dificuldades financeiras na velhice, consequência da vida das mulheres na sua inserção no mercado de trabalho e na família. Estudos internacionais têm evidenciado forte associação entre dificuldade financeira e sintomas depressivos.


Objetivos
Investigar a associação entre dificuldade financeira mais grave que a habitual nos últimos doze meses (DF) e sintomas depressivos (SD), destacando os modificadores de efeito dessa relação, à luz da teoria de gênero


Metodologia
Estudo de corte transversal integrado ao ELSA-Brasil, com 3009 aposentados/as na linha de base. O desfecho foi SD, avaliado na seção G do CIS-R (ponto de corte 2/4), e a variável de exposição principal, DF (Sim/Não). Covariáveis: faixa etária, raça/cor, grau de instrução, renda líquida familiar, união conjugal, chefia de família, filhos, atividade laboral e comorbidades. Foram feitas análises descritivas e regressão logística multivariada, com medida de associação odds ratio e intervalo de 95% de confiança. Sexo foi considerada variável de estratificação fundamental e renda e atividade laboral foram modificadoras de efeito. Cumpriram-se exigências éticas do CONEP. Software Stata versão 12.


Resultados
Mais mulheres do que homens referiram DF e menor renda. Os percentuais de SD entre as/os que referiram DF foram semelhantes (23,9% para as mulheres e 20,2% para os homens). Tanto mulheres quanto homens que tinham renda ≤ 8 salários mínimos (SM) e trabalhavam apresentaram associação entre DF e SD (OR=4,56;IC95%:2,40–8,65 e OR=5,17;IC95%:1,49–17,88, respectivamente). Entre as/os que tinham renda ≤ 8 SM e não trabalhavam, também houve associação entre DF e SD (OR=1,71;IC95%:1,09–2,67 para as mulheres e OR=3,01;IC95%:1,29–7,04 para os homens). Os/as que tinham renda > 8 SM, com ou sem atividade laboral, não apresentaram associação entre DF e SD.


Conclusões/Considerações
Os resultados mostraram que DF somente esteve associada a SD entre homens e mulheres aposentados/as que tinham menor renda, o que pode ser explicado pelo impacto das condições sociais sobre a saúde psíquica. Entre os homens que não trabalhavam, além dessa explicação, interpreta-se a associação entre DF e SD como resultante da auto cobrança e da pressão social para trabalharem e serem provedores da casa, o que pode levar ao sofrimento psíquico.

Instituições
  • 1 FUNDACENTRO/CRBA
  • 2 FIOCRUZ
  • 3 FIOCRUZ/RJ
  • 4 USP/SP
  • 5 UFMG
  • 6 UFRGS
  • 7 IOC-FIOCRUZ
  • 8 UFBA
Eixo Temático
  • Saúde e Ciclos de Vida