FARMACOVIGILÂNCIA DE TALIDOMIDA NO ÂMBITO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Vol 1, 2018 - 100930
Oral
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Resumo

Apresentação/Introdução
No Brasil, a talidomida é fabricada por laboratório oficial, distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e seu uso é controlado pela agência reguladora (Anvisa). É indicada para tratamento do eritema nodoso hansênico, mieloma múltiplo e lúpus, dentre outras doenças. Além da teratogenicidade, eventos adversos graves, como a neuropatia periférica e trombose, estão associados ao seu uso.


Objetivos
Descrever aspectos referentes ao uso e controle da talidomida e ao cuidado com o paciente no âmbito do SUS e sua articulação entre um hospital de referência em doenças infecciosas, o laboratório oficial fabricante e a agência reguladora.


Metodologia
O estudo tem delineamento transversal incluindo fontes de dados primárias e secundárias. Profissionais de saúde do hospital de referência de Minas Gerais foram entrevistados (de setembro a outubro de 2016) abordando-se o atendimento ao paciente em uso de talidomida, conhecimento e notificações de eventos adversos relacionados ao medicamento. Realizou-se coleta de dados do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) do laboratório oficial fabricante (de 2014 a 2016) e registro de eventos adversos notificados à Anvisa (de janeiro de 2010 a maio de 2016).


Resultados
Entrevistaram-se 20 profissionais de saúde do hospital. A maioria deles conhecia os principais eventos adversos à talidomida. Nenhum dos profissionais relatou ter notificado à Anvisa, nem entrado em contato com o SAC do fabricante, apesar do registro de eventos adversos nos prontuários. No período de três anos, foram realizados 330 atendimentos relacionados à talidomida, pelo SAC do fabricante, sendo apenas 7% deles sobre eventos adversos. Em seis anos, foram realizadas nacionalmente, 15 notificações de eventos adversos à Anvisa, sendo dez graves, como neuropatia periférica, trombose, e convulsão. Não houve registro de teratogenicidade devido ao uso de talidomida no período analisado.


Conclusões/Considerações
Apesar do controle do uso e dos eventos adversos graves associados à talidomida, como a teratogenicidade, a farmacovigilância desse medicamento é incipiente. A subnotifição de eventos adversos parece estar relacionada à falta de estruturação da farmacovigilância e não ao desconhecimento dos profissionais de saúde. É necessária a integração dos serviços envolvidos no cuidado do paciente para o funcionamento efetivo do sistema de farmacovigilância.

Instituições
  • 1 UFMG, FUNED
  • 2 FUNED
  • 3 UFMG
Eixo Temático
  • Medicamentos e Assistência Farmacêutica