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Apresentação/Introdução
Cada vez mais se estuda o papel das uniões afetivas (casamento e união estável) na promoção da saúde. No entanto, os estudos sobre estilo de vida segundo os diferenciais de gênero e, sobretudo, a orientação sexual ainda escasseiam. Adicionalmente, os que existem são relativos aos EUA e à Europa, havendo uma necessidade de aprofundamento deste tema na América do Sul e, especificamente, no Brasil.
Objetivos
O objetivo deste estudo é verificar se existem diferenças ao nível dos comportamentos de saúde, de acordo com o gênero e a orientação sexual, na população do estudo de coorte ELSA-Brasil.
Metodologia
A presente pesquisa contou com os 10314 participantes do ELSA-Brasil que se declararam em união na segunda fase de seguimento (onda 2, 2012-214). Destes, 5660 são mulheres e 4654 são homens; e 188 são homoafetivos e 10126 são heteroafetivos. Os dados foram coletados através do questionário multidimensional do ELSA-Brasil, que além das características sociodemográficas, avaliou os comportamentos de saúde investigados: consumo de álcool, atividade física, horas de sono e tempo de tela. Todos os que aceitaram participar do estudo assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O ELSA-Brasil foi submetido e aprovado nos comitês de ética das seis instituições participantes.
Resultados
As pessoas homoafetivas fumam mais (OR=1.69; IC95% 1.10-2.58), passam mais tempo em frente a tela (OR=1.43; IC95% 1.06-1.93), e dormem mais (OR=0.73; IC95% 0.55-0.98). Quanto ao consumo de álcool e atividade física, não se verificam diferenças entre os dois grupos. Relativamente à análise do estilo de vida, por gênero e orientação sexual, observa-se que as mulheres em união com pessoa de sexo diferente são as mais protegidas para o tabagismo (OR=0.61; IC95% 0.57-0.69), álcool (OR=0.32; IC95% 0.27-0.37), sono (OR=0.88; IC95% 0.85-0.95) e tempo de tela (OR=0.70; IC95% 0.65-0.76). No que se refere à atividade física, as mesmas mulheres são as que menos praticam (OR=1.44; IC95% 1.33-1.56).
Conclusões/Considerações
As intervenções no âmbito da promoção da saúde devem considerar o gênero e a orientação sexual nas suas ações. Espera-se que estes resultados contribuam para a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis e para a promoção da saúde de mulheres e homens brasileiros de diferentes orientações sexuais, e estimulem novos estudos para a elucidação dos complexos mecanismos que envolvem a adoção de estilos de vida saudáveis.
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