ESCAVANDO O CONSERVADORISMO NA SAÚDE PÚBLICA NO PERÍODO 1930-60

Vol 1, 2018 - 100595
Comunicação Oral Curta
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Resumo

Apresentação/Introdução
O pensamento político conservador, componente da tradição intelectual brasileira sustentou um pensar e agir que resultam de imersão na cotidianidade que frequentemente produz noções totalizadoras de povo e de nação. Questões tematizadas também por sanitaristas que, desde início da República, levantaram a bandeira da ação civilizatória da saúde.


Objetivos
Analisar os argumentos que sustentaram o discurso da saúde pública brasileira entre os anos 1930-60, buscando reconhecer o que há de pensamento político e social conservador na saúde nesse período.


Metodologia
Analisamos documentos da saúde pública, extraídos do periódico Arquivos de Higiene e Saúde Pública, entendendo-os como um saber na leitura foucaultiana: não buscando uma racionalidade científica, mas um modo de análise no qual o caráter histórico do saber é destacado por sua capacidade de produzir conhecimento e positividade. Por sua natureza política, o saber necessariamente opera um poder, cujo aspecto negativo e repressor não é tudo.
Aprofundamos a leitura do pensamento político e social captando certa dispersão de abordagens, interpretações e metodologias, numa aproximação com o que reconhecemos como linhagem do pensamento conservador.


Resultados
A saúde pública é conservadora quando prioriza a história com fins de manutenção ou transformação social sempre evitando rupturas à ordem. Para isso lança mão da educação da saúde, no sentido de moral e hábitos saudáveis. As ações mais educativas são as que melhor reproduzem situações reais de vida – questão cara nas áreas rurais, apontadas pelo pensamento conservador como matrizes do caráter nacional. A saúde pública é instituição intermediária na educação que deve ser função do Estado centralizador responsável por imprimir comportamentos que gerem coesão, conciliação e uma raça forte, muitas vezes em nome do desenvolvimento econômico do país, em oposição ao povo disforme e ignorante.


Conclusões/Considerações
A saúde pública se adaptou ao homem do campo – às vezes simplificando ações – e o manteve adaptado a exigências da “vocação agrícola”. Alcançou institucionalidade no aparelho de Estado, abrangência populacional e aproximação dos modos de vida. Coerente com um modo de pensamento conservador, no qual a manutenção da ordem obscurece conflitos e desigualdades. É o caso da educação sanitária, que supõe que o adoecimento decorre da ignorância do povo.

Instituições
  • 1 Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio
  • 2 Ensp/Fiocruz
Eixo Temático
  • Aspectos Teórico-Conceituais e Metodológicos da Saúde Coletiva