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"CRENÇA E VOZ: O LABOR DE RESISTÊNCIA DA IDENTIDADE PERIFŔICA NAS CANÇÕES “HIENAS NA TV” E “CREDO” DO ÁLBUM DEUS É MULHER, DE ELZA SOARES."
Auricélio Ferreira de Souza
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
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Crie um tópicoCRENÇA E VOZ: O LABOR DE RESISTÊNCIA NA ENUNCIAÇÃO DE UMA IDENTIDADE PERIFÉRICA NAS CANÇÕES ‘HIENAS NA TV’ E ‘CREDO’, DO ÁLBUM DEUS É MULHER, DE ELZA SOARES.
Auricélio Ferreira DE SOUZA ( IFCE/NECA – [email protected])
RESUMO: Em consonância com a proposta de refletir acerca das atuais configurações dos fazeres culturais e artísticos no cenário brasileiro, foco dos esforços do Núcleo de Estudos em Cultura e Arte (NECA/IFCE campus Tauá), este trabalho (em curso) propõe uma leitura sobre a construção discursiva das representações sociais de grupos tornados subalternos no jogo social urbano-periférico. Especificamente, nos interessa todo o conjunto de embates que surgem a partir da resistente tentativa de afirmação, pela via do discurso, da identidade feminina negra no álbum “Deus é mulher” (2018), de Elza Soares, intérprete carioca. Tais embates repercutem tanto no campo físico (resistir contra ações de violência concretamente operadas pelo Estado), quanto simbólicas (a negação da mulher negra enquanto sujeito histórico, narradora de si e de suas subjetividades). Dentro deste disco (o qual é o objeto da discussão ora em curso no NECA e integralmente apresentado pelo grupo neste seminário) nos ateremos especificamente às canções Hienas na tv (faixa 06) e Credo (faixa 09). A primeira destas projeta uma estrutura de resistência que se dá prioritariamente pela negação da hegemonia posta (“Sim, digo sim pra quem diz não”), hegemonia esta que, por meio de seus aparelhos (referência a uma mídia centralizadora), “arrasta”, “devora”, “mastiga” subjetividades enquanto “ri”, “gargalha” numa só ferocidade (daí, já desde o título, a referência às hienas na/da tv). Na segunda canção, o mote de resistência desse feminino-negro-identitário se ancora na dimensão de reivindicação do direito à crença como se fosse ele o próprio direito de (re)existir simbolicamente: “Minha fé quem faz sou eu”, “Eu não quero o medo me dando sermão”. O hegemônico sendo novamente confrontado: “O castigo que serve só para vender o perdão”, “Essa gente que olha pro céu e tropeça no chão”. Em ambos os discursos, as estratégias enunciativas desse eu-resitente/resiliente são ancoradas na dimensão das diversas ideologias que se configuram no cenário de disputas do qual emerge o que se convencionou chamar de luta feminista. É a mulher o mote e a potência estruturadora da identidade urbano periférica em questão. Para estruturar essa proposta de leitura o desenho metodológico consiste basicamente na análise discursivo estrutural das letras, amparando-se para tanto no campo da Análise do Discurso (como se tece essa produção), na Teoria Crítica (em especial o sujeito e a reconstrução da história e sua narrativa) e Crítica Pós-Colonial (a figura do subalterno e seus movimentos de inscrição).
Palavras chaves: Urbano-periférico. Identidade cultural. Resistência. Subalterno
Fabio Araujo Oliveira
Parabéns pelo trabalho e pelo projeto. Fiquei encantado. Penso que Elza Soares é tão marcante que seu corpo, sua voz e sua história acabaram se configurando como sentidos que também orientaram as interpretações das canções do álbum Deus é Mulher, feitas no projeto em questão. O que pensa a respeito?
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Auricélio Ferreira de Souza
Olá Fábio!
Obrigado pela observação!
É exatamente esta a perspectiva que tenho trabalhado no nosso grupo (NECA/IFCE): a de que CORPO, VOZ, MARCAS HISTÓRICAS unidas pelo campo da PERFORMANCE tecem uma espécie de condição-pergaminho que passa a exigir de nós novas dinâmicas de leitura tanto do ENUNCIADO quanto (e principalmente) do ENUNCIAR...Este álbum de Elza, juntamente com "A mulher do fim do mundo" e "Planeta fome" parecem ativar essa nova necessidade de percepção de corpos-enunciados que agem na perspectiva do urbano-periférico nos instigando para esta nova leitura!
Leiamos!
Valeu!