DIREITOS LINGUÍSTICOS E SUBJETIVIDADE: LÍNGUA E CULTURA EM LIVROS DIDÁTICOS PUBLICADOS POR EDITORAS ESPANHOLAS NO BRASIL, NA ARGENTINA E NO MÉXICO.

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Detalhes
  • Tipo de apresentação: Simpósio Temático
  • Eixo temático: ST25 - DIREITOS LINGUÍSTICOS NO SÉCULO XXI: SENTIDOS E DISCURSOS
  • Palavras chaves: Direitos linguísticos; Diversidade e Política Linguística; Análise Enunciativa; Livros didáticos; glotopolítica;
  • 1 Teoria e Prática de Ensino / Setor de Educação / Universidade Federal do Paraná

DIREITOS LINGUÍSTICOS E SUBJETIVIDADE: LÍNGUA E CULTURA EM LIVROS DIDÁTICOS PUBLICADOS POR EDITORAS ESPANHOLAS NO BRASIL, NA ARGENTINA E NO MÉXICO.

Deise Cristina de Lima Picanço

Teoria e Prática de Ensino / Setor de Educação / Universidade Federal do Paraná

Resumo

Este trabalho analisa como o tema dos direitos linguísticos se relaciona com os modos com que a diversidade linguística e sócio-cultural, que compõem as sociedades latino-americanas, são trabalhados nos livros didáticos publicados por editoras espanholas transnacionais, destinados ao ensino de português e espanhol (como línguas nacionais) no Brasil, México e Argentina. Tanto no Brasil como nos demais países da América Latina, observamos nas últimas décadas o surgimento de ações e projetos que propõem a defesa ao direito linguístico das comunidades de falantes em sua relação com a hispano ou a lusofonia. Neste trabalho, procuramos compreender como o livro didático produz subjetividades por meio de agenciamentos enunciativos, e respondem, de um lado, às demandas econômicas das políticas neoliberais para a educação, por um currículo mais genérico e homogêneo e, por outro, aos pressupostos de uma educação dirigida a estudantes de escola básica que vivem realidades muito diversas e que podem ser ou não falantes de outros idiomas. Nossos objetos de análise são os textos e as atividades que compõem as unidades propostas nos livros didáticos de língua portuguesa (2017) e de língua espanhola (2017/2018), destinados à escola secundária pela Fundação SM e Grupo Santillana. Tanto a SM como o Grupo Santillana entraram fortemente na América Latina - AL a partir da década de 1990 e mudaram o perfil das publicações didáticas. Estudos recentes (CASSIANO, 2007) mostram como as empresas transnacionais espanholas consolidaram sua política editorial na América Latina, garantindo altos índices de rentabilidade de seus produtos, em especial pela centralidade dos investimentos em educação nos materiais didáticos. As políticas do Banco Mundial para a AL priorizam os livros didáticos e materiais de leitura como a chave para a obtenção de resultados pedagógicos em todos os níveis da educação e de capacitação. Justifica-se esse investimento como necessário para desenvolver recursos humanos para o desenvolvimento econômico e a redução da pobreza. Brasil, Argentina e México são os países que mais receberam investimentos nas últimas décadas. Objetivamos compreender de que modo alguns temas significativos para as populações periféricas desses países, como a relação das diversas línguas com as línguas nacionais, co-oficiais ou não, são tratadas ou não nos livros, problematizando ou silenciando sobre as condições de existência dos falantes e o papel político dessas relações e seus efeitos subjetivos. Nossas pesquisas, realizadas por meio de análises enunciativas numa perspectiva bakhtiniana, têm mostrado que a noção de língua, de cultura e de identidade agenciadas pelos livros não abrem espaço para uma reflexão consistente sobre a diversidade constitutiva dos povos no Brasil, no México e na Argentina, ainda que possamos verificar diferentes formas de organização e legislação sobre o tema dos direitos linguísticos em cada país. Este trabalho resulta das investigações realizadas durante e após o desenvolvimento do projeto de pós-doc realizado em 2019, no NELLID/UFRJ, que recebeu financiamento da Fundação Araucária/PR por meio de bolsa CAPES.

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