Anais da III Jornada Internacional Semântica e Enunciação

A felicidade, comumente, é procurada em si mesma, como a honra, o prazer, a razão, assim, talvez seja difícil de encontrar, considerando que ela está vista como algo absoluto e autossuficiente, ou seja, o homem feliz é aquele que vive e age bem, pois a felicidade seria uma espécie de boa vida e boa ação, embora alguns a identifiquem com virtude, outros com sabedoria prática, sabedoria filosófica, acompanhadas ou não de prazer. A felicidade seria, pois, no entender de Aristóteles (350 a.C.) “a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo e esses atributos não se acham separados”. O estagirita, na Ética a Nicômaco, associa felicidade ao fato de que “todo conhecimento e todo trabalho visam a algum bem” e tanto os seres comuns quanto os de cultura superior dizem “ser esse fim a felicidade de identificar o bem viver e o bem agir com o ser feliz”. A proposta do trabalho é associar o discurso político com o conceito de Eudaimonia – felicidade. A questão é compreender o conceito de felicidade tendo em vista o que se entende por eudaimonia a partir do pensamento de filósofos escolhidos e sua aplicação em aspectos políticos do século XXI. Assim, o objetivo principal é contribuir para o entendimento da eudaimonia e verificar se e aplicável ao discurso político do século XXI. Para tanto, após levantamento teórico em conceitos de Aristóteles e outros filósofos, além da leitura de artigos datados de 2016 a 2018, procedemos a uma análise retórica de dois discursos políticos. A unidade de análise compõese, portanto, de excertos de pronunciamentos específicos de dois políticos influentes: Angela Merkel e Donald Trump. As questões levantadas foram: qual a relação entre felicidade e nobreza de caráter? Em que o discurso de Angela Merkel sobre receptividade a refugiados se aproxima da eudaimonia? De que forma o discurso de Donald Trump com relação à construção de um muro na fronteira com o México se relaciona à felicidade? A pesquisa, de natureza qualitativa, está alicerçada, portanto, em Filosofia e Retórica: a primeira com finalidade de elucidar o conceito de felicidade/eudaimonia; a segunda, com objetivo de auxiliar na análise dos discursos escolhidos e entender o ethos dos oradores.