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O DIZER ECOA: análise discursiva de pichações
Ana Carolina Bernardino
Centro de Letras e Ciências Humanas / Universidade Estadual de Londrina
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Olá, Ana Carolina e Rosemeri, boa tarde! Gostaria de agradecer a vocês pela apresentação e por todo o trabalho. Fiquei muito curiosa para ver mais do corpus de análise, pois o recorte tem uma especificidade que é o acontecimento das pichações nas universidades, ou seja, em um espaço institucional. Se pudessem falar mais sobre como se deu a construção do corpus, do recorte, quantas universidades foram observadas e a quantas pichações chegaram seria oportuno para pensarmos mais sobre o funcionamento discursivo da pichação no espaço institucional. Também, gostaria de perguntar se vocês observaram alguma regularidade e/ou temática em específico?
Parabéns e obrigada!
Cristiane Pereira Costa Dias
Ana Carolina e Rosemeri,
Gostei muito do trabalho de vocês. Parabéns pela pesquisa. Envio algumas reflexões para suscitar desde já um debate em torno do que o trabalho de vocês provocou.
A pichação é uma escritura passível de criminalização. Pensando na produção de sentidos e seus efeitos, ela é criminalizada e também criminaliza o sujeito que a faz. Como você compreende esse gesto de escrita que se dá “no limite” do real da cidade, aquilo que escapa à urbanização enquanto lei? A pichação é um grito silencioso, mas estridente, que incomoda de qualquer maneira, que reivindica um lugar na cidade ou reivindica outra cidade? Outra universidade?
Pensando na relação entre sociabilidade e hostilidade, tal como Orlandi (2004) coloca em Cidade dos Sentidos, como você significa a relação de pertencimento à cidade desse sujeito que se marca no limite da segregação, já que “Cotas Sim” diz, justamente, de sujeitos segregados?
Todas essas questões podem se resumir na seguinte: Como o político está significando no gesto de pichar? O que é o político para você?
Orlandi (2001) diz que gesto é um ato no nível simbólico, que intervém no mundo, no real do sentido, como pichar pode ser compreendido a partir dessa afirmação?
Orlandi (2001, p. 25) diz: “Os gestos são atos no nível simbólico, diz M. Pêcheux (1969), e cita como exemplo assoviar em uma reunião, atirar bombas em uma assembleia, etc. Quando falo em gestos de interpretação, estou considerando a interpretação como prática simbólica, uma prática discursiva que intervém no mundo, que intervém no real do sentido.”
Ana Carolina Bernardino
Lembrando Orlandi a linguagem, assim como a história não são transparentes; no que se refere a pichação é exatamente essa não transparência e, portanto, essa diversidade que propicia pensar a pichação além do sentido de contravenção e entendê-la como, também, uma manifestação e, "no limite" do real da cidade como resistência. De fato, a pichação é um grito silencioso que incomoda, mas não porque reenvindica um outro lugar, ou até poderia ser isso, em um primeiro plano, ela exige por meio de um protesto: reflexão, reconhecimento, compromisso e, talvez, transformação social. Daí, é claro, depois disso, quem sabe, a reinvindicação de um outro lugar, mas não no sentido de outro espaço físico ou outra universidade, mas de um outro modo de ver e sentir os fatos que circundam e constituem os sujeitos e a história.
O gesto de pichar traduz, ou melhor, revela o entrecruzamento que há entre a língua, a ideologia e a história. E é exatamente nesse entrelaçamento que o sentido de político enquanto espessura semântica, diversidade e divisão de sentidos se instaura. A pichação permite-nos pensar justamente nessa divisão, ou seja, até onde é possível pensar o pixo como transgressão para podermos chegar no sentido de resistência (ou, lembrando Pêcheux, para podermos chegar a essa deriva de sentidos). Dessa forma, seguimos com o entedimento de Orlandi que coloca o político como divisão de sentidos e, consequentemente, dos sujeitos. A pichação revela essa divisão/esse polítivo quando, por meio dela, é possível captar um dier de um sujeito que, na realidade, diz, mas diz se utilizando de uma forma (pixo) não autorizada (no sentido de legal/ de jurídico).
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Ana Carolina Bernardino
Olá, Greciely!
Ficamos felizes com seu apreço.
O corpus do trabalho foi composto de 4 pichações, retiradas de 3 Universidades Públicas do interior do Paraná. Limitamos o número por conta da extensão do trabalho, mas entre os discursos coletados a resistência e a luta social eram temáticas evidenciadas.
Análise 1: Imprensa do povo
Análise 2: Deus é preto(a)
Análise 3: Cotas sim! (recorte apresentado neste Evento)
Análise 4: Golpistas, ñ passarão
Em relação as regularidades, limitamos o número de pichações analisadas por conta da extensão do trabalho, mas a resistência e a luta social eram temáticas evidenciadas entre os discursos coletados.