Anais da III Jornada Internacional Semântica e Enunciação

Este trabalho traz resultados e reflexões de uma pesquisa-ação desenvolvida no Mestrado Profissional em Letras em Rede (PROFLETRAS), da Universidade Estadual do Norte do Paraná, UENP (LIMA, 2008), cujo objetivo geral foi a validação da metodologia das sequências didáticas de gêneros (SDG), criada pelos pesquisadores do Grupo de Genebra filiados ao Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), em um contexto dos anos finais do Ensino Fundamental, em uma escola pública do interior do Paraná. O gênero unificador da SDG foi a carta do leitor argumentativa, um subgênero da carta do leitor identificado em uma etapa exploratória, anterior à pesquisa de campo de caráter interventivo, em um processo de modelização teórica (DE PIETRO; SCHNEUWLY, 2014). Tendo como base os estudos de Bronckart (2003), o qual orienta-se pelas pesquisas de J.M Adam, a pesquisa descreveu o subgênero em foco como prototípico da sequência argumentativa, consequentemente, estruturado discursivamente para a defesa de uma tese. Nesse quadro teórico, o raciocínio argumentativo é orientado sempre pela contraposição a uma tese anterior, supostamente admitida por uma parcela de sujeitos. Nesse sentido, a argumentação é sempre motivada por uma questão controversa, de cunho polêmico. No contexto de ensino atual, em que os gêneros textuais/discursivos são tomados como objetos/ferramentas de ensino da língua, espera-se que o professor, ao selecionar um gênero com teor argumentativo, busque, assim, polemizar o tema gerador da produção. Tendo como ponto problemático essa necessidade de polemizar o referente textual no processo de didatização dos gêneros argumentativos, esta comunicação objetiva refletir sobre a importância da construção dos enunciados de comandos para a produção textual, em situação de ensino-aprendizagem de tais gêneros, trazendo como objeto de análise o processo de intervenção didática realizado no contexto pesquisado, tendo como objeto de ensino a carta do leitor argumentativa. Como procedimento metodológico de análise, traz-se uma comparação entre produções de alunos geradas a partir de um enunciado de comando pautado em um tema geral – o bullying – e produções cujo enunciado explicita uma questão polêmica relacionada ao bullying. Os resultados mostram que, no primeiro caso, os alunos representam o tema apenas como problemático e, consequentemente, tendem a explicá-lo e/ou descrevê-lo; já, no segundo, há uma inclinação à argumentação, mesmo que ainda insuficiente, levando em consideração que se tratam de produções iniciais.
PALAVRAS-CHAVE: Produção de textos. Enunciado de comando. Carta do leitor argumentativa. Argumentação.