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SOBRE DOSES DE FASCISMO NA LINGUAGEM: REFLEXÕES INICIAIS SOBRE O DISCURSO DO TRIGÉSIMO OITAVO GOVERNO
Rudá da Costa Perini
Universidade Federal Fluminense
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O DISCURSO POLÍTICO DA EXTREMA-DIREITA BRASILEIRA NA ATUALIDADEArgus Romero Abreu de Morais
Muito bom, Rudá! Parabéns!
Sua pesquisa toca no debate bastante atual sobre a validade do conceito de Fascismo para entender a extrema-direita brasileira contemporânea.
Fiquei curioso sobre a possibilidade de comparar a retórica pró-Estado do Fascismo Clássico (hipertrofia) com a retórica anti-Estado (atrofia) desse possível (neo)fascismo no Brasil.
Apesar de suas análises ainda estarem em desenvolvimento, você pensou em considerar esse aspecto na sua pesquisa?
Obrigado!
Luciana Nogueira
Parabéns, Rudá! Que trabalho instigante! E isso desde o título na escolha da nomeação/denominação “38º governo” que você fala logo no início do trabalho. Muito relevante você colocar em questão a definição de fascismo para tratar disso na linguagem, considerando mesmo a banalização do significante na atualidade. Muito bem posta a citação que traz do livro de Zetkin. E mesmo o “fascismo” como um conceito político tem diferentes definições, na história. Mesmo no interior do marxismo, pois para Poulantzas entra como uma forma de Estado de exceção... para Trotsky como um regime de eliminação das instituições democráticas. Para os liberais, se define como uma forma de totalitarismo...
Você analisa o discurso/os discursos do 38º governo brasileiro e mostra, ainda que por equívoca antecipação, como você diz nas retificações iniciais (eu diria: leitura prévia do analista que nos ajuda a ter um ponto de partido nas análises), que se trata de um discurso fascista e por isso a questão do fascismo fica tematizada/problematizada.
O material de análise, os recortes, são excelentes. Destaco a análise da palavra “missão”; da “corrupção” funcionando como pré-construído; a enumeração/gradação que você aponta .... bem interessante e conclui falando do funcionamento do discurso religioso e do discurso bélico como sustentando o discurso do atual presidente, e que são marcas então de um discurso fascista, que precisa criar um inimigo e constantes ameaças para uma guerra de eliminação, como você diz, e essa eliminação começa na Língua. Muito lúcida essa reflexão. Parabéns!
Minha questão é como você pode avançar para a discussão sobre a definição de fascismo a que você chega a partir das análises, ainda que iniciais e a questão da banalização do significante “fascismo” (ou neofascismo?) que me pareceu um ponto importante no início do trabalho. Por que essa dispersão de sentidos?
Imagino que você já conheça, mas indico o recente livro do professor Carlos Piovezani, em coautoria com o professor Emilio Gentile “A linguagem fascista”. Vale a pena ver a entrevista sobre o livro: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/entrevista/a-linguagem-fascista-de-mussolini-a-bolsonaro-em-livro-de-professor-da-ufscar/?fbclid=IwAR1b0Zuh_o2HW81amRIESEzAGZrSGHv6OQOUPCqKbhyUCyPJltt6sJW_OfE
Rudá da Costa Perini
Querida, Luciana. Que bom ler seu comentário. As ideias ainda estão sendo se assentando. Esse objeto tem me suscitado muitas questões (e dilemas). Pelo recorte que fiz para essa apresentação, não deu para sacar, mas a verdade é que tenho um capítulo na tese em que proponho uma leitura da noção de fascismo tomando como ponto de partida justamente o incômodo com a banalização do significante na atualidade. Esse capítulo certamente ainda não está maduro, mas tenho lá um percurso de reflexão que passa da leitura historicizante do fascismo na Europa e no Brasil a uma leitura discursiva do conceito em algumas obras consagradas. Sobre a dispersão das denominações, fascismo/neofascismo/nazifascismo/protofascismo/turbotecnomachonazifascismo e outras, ainda não escrevi nada, exceto uma breve reflexão, nesse capítulo mesmo, sobre uma abordagem mais conservadora do conceito que o restringe ao fascismo clássico e como isso pode tanto levar a certa leitura essencialista, quanto interditar interpretações do fascismo e seus desdobramentos para além da Segunda Guerra Mundial. Sobre o "A linguagem fascista", a orientadora, sempre atenta, indicou no laçamento, rs. Já tenho ele aqui, mas obrigado pela indicação.
Luciana Nogueira
Oi, Rudá! Obrigada pela resposta. Certamente o capítulo a que você se refere de sua tese será muito rico. Vou querer ler! Excelente caminho o que você está adotando. Um abraço!
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Rudá da Costa Perini
Olá, Argus
Muito obrigado pela questão/contribuição. Isso que você traz é um ponto muito interessante. Ainda não estou na etapa de fazer uma leitura comparativa, mas o plano é chegar lá em algum momento. Nesse primeiro momento, estou tentando entender as regularidades e as filiações de memória que constituem os discursos do trigésimo oitavo presidente. Não tinha pensado particularmente nessa diferença, não. Agradeço por iluminá-la.
Ronaldo Adriano De Freitas
Rudá, meu caríssimo; já manifestei meu interesse pelo seu trabalho e mais uma vez lhe sou grato;
Você pretende se aprofundar na relação entre discurso religioso e discurso bélico. O Cristianismo oficial sempre se apropriou do discurso de destruição antigo-testamentário como forma de organização política; me lembro de um trabalho em uma mesa do último SEAD que trabalhava esse belicismo religioso, e gostaria de saber se você considera esse caminho produtivo.
Rudá da Costa Perini
Ronaldo, meu amigo. Obrigado, mais uma vez, pelo interesse e pelas questões. Sinto que fiquei te devendo uma reposta apropriada, rs. Ainda é cedo para asseverar, pois só as análises vão dizer, mas pelo que tenho observado, os discursos religioso e bélico são fundadores dos discursos do 38º presidente. O que vai demandar um trato sensível deste ponto é justamente a relação entre eles. Como você mesmo traz, o discurso veterotestamentário já aponta para essa direção. Se considerarmos a íntima aliança que se formou entre o governo e, principalmente, as igrejas neopentecostais, em que a teologia da dominação e da prosperidade são muito fortes, temos, sim, um caminho produtivo a seguir. Tenho colhido alguns indícios, um exemplo é o livro que escreve Edir Macedo, em 2000, chamado "Um plano de poder: Deus, os cristãos, e a política". Há uma fala da Damares se referindo a um "exército invisível que trabalhou incansavelmente, de dentro, para combater o inimigo [...]." Enfim, agradeço pela indicação, esse trabalho deve sair no próximo ebook do SEAD, certo? Um abraço.