O ENSINO DE TEXTO ARGUMENTATIVO NO BRASIL E A IDEOLOGIZAÇÃO DAS TÉCNICAS LINGUÍSTICO-COGNITIVAS

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Detalhes
  • Tipo de apresentação: Simpósio Temático
  • Eixo temático: ST29 - DISCURSO: TEORIAS E PRÁTICAS
  • Palavras chaves: Argumentação; Ensino de texto; Tecnicismo; dialogismo;

Autoras(es):

  • 1 Universidade Federal do Espírito Santo

O ENSINO DE TEXTO ARGUMENTATIVO NO BRASIL E A IDEOLOGIZAÇÃO DAS TÉCNICAS LINGUÍSTICO-COGNITIVAS

Luciano Novaes Vidon

Universidade Federal do Espírito Santo

Resumo
Questões (3 tópicos)

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Autor

Luciano Novaes Vidon

Obrigadi, Ana. Acho que esta sua pergunta e minha discussão neste trabalho dialogam muito com o trabalho apresentado por você neste evento. Pensar a produção textual na perspetiva discursiva materialista, conforme Volochinov, Bakhtin, Jakubinski, Medviedev é fundamental para sairmos dessa "armadilha" objetivista-abstrata e, ao mesmo tempo, subjetivista-idealista, que o modelo Redação do Enem nos coloca. O gênero dessa produção é elitista e atende a interesses da classe hegemônica, que se pauta por valores racionalistas/cognitivistas, meritocráticos, tecnicistas. Podemos conversar mais sobre esses pontos no momento sincrono do simpósio. Forte abraço!

Autor

Luciano Novaes Vidon

Obrigado, Cristiane, pela interação e pela pergunta. Você tem razão: essa visão tecnicista e cognitivista de redação se coaduna muito bem com a concepção instrumental de língua, presente nos documentos do MEC, e, naquele momento, ainda muito forte na Linguística. Penso que ainda hoje essa concepção instrumental é muito comum, em especial nos cursinhos pré-vestibular, cursinhos de redação, e, com o avanço da prova do Enem, no ensino fundamental e médio, principalmente nas escolas privadas, mas  não só. Minha preocupação é a seguinte: em  que medida o foco da BNCC em habilidades e competências pode recuperar ou reforçar essa visão instrumental, funcional, formalista de língua e texto, indo de encontro à visão discursiva, sócio-histórico do Círculo de Bakhtin. 

Cristiane Lenz

Obrigada pela resposta, prof. Luciano. Este debate sobre a visão de língua na BNCC é muito importante, pois a BNCC está fortemente presente nas escolas, na construção dos currículos e nas práticas pedagógicas. Vejo que há muitos cursos e palestras sobre a BNCC no interior da instituição escolar, mas apenas com foco na sua "aplicação", e não de forma crítica, que possibilitasse pensar nas suas repercussões a partir do conceito de língua adotado. O seu trabalho contribui muito para suscitar essas discussões em torno da BNCC. Um abraço!

Autor

Luciano Novaes Vidon

Olá, Gesualda. Saudades de ti. Obrigado pela questão. Esse meu artigo de 2019 foi publicado na Conexão Letras: https://seer.ufrgs.br/conexaoletras/article/view/98123

Quanto à sua questão, é um ótimo ponto. A concepção subjacente à proposta de redação do Enem, presente no Guia do Inep, é tipológica. No entanto, enquanto enunciado concreto, os textos produzidos pelos candidatos são, sem dúvida, pertencentes a um gênero do discurso, que tem uma historicidade e uma ideologicidade, ou seja, reflete e refrata um conjunto de valores, "modernos", diga-se de passagem. Uma questão problemática, especialmente para o ensino, é a sobreposição desse gênero a outros, como os literários, os da oralidade, os do cotidiano, fazendo crer na superioridade desse gênero em relação aos demais, e na superioridade dos sujeitos produtores desses gêneros em relação aos sujeitos produtores dos outros gêneros. Abraços! Espero revê-la em breve!!