CORPO DÓCIL X OBJETIFICADO: O FEMININO COMO SIGNO EM CONFLITO NO ROMANCE O ELOGIO DA MADRASTA, DE MÁRIO VARGAS LLOSA.

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  • Tipo de apresentação: Simpósio Temático
  • Eixo temático: ST73 - SENTIDO, ENUNCIAÇÃO, DISCURSO E FRONTEIRAS DE GÊNERO: ABORDAGENS INTERDISCIPLINARES
  • Palavras chaves: Feminino; corpo; Personagem; Representação/Sub representação;
  • 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

CORPO DÓCIL X OBJETIFICADO: O FEMININO COMO SIGNO EM CONFLITO NO ROMANCE O ELOGIO DA MADRASTA, DE MÁRIO VARGAS LLOSA.

Joana Bezerra Ricarte

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

Resumo

CORPO DÓCIL X OBJETIFICADO: O FEMININO COMO SIGNO EM CONFLITO NO ROMANCE O ELOGIO DA MADRASTA, DE MÁRIO VARGAS LLOSA

 

Joana Bezerra RICARTE (IFCE/NECA – [email protected])

Auricélio Ferreira DE SOUZA (IFCE/NECA – [email protected])

 

 

RESUMO: Este trabalho pretende fazer uma análise da construção do feminino como signo do cambiante, conflituoso ou duo a partir da leitura da personagem feminina na obra Elogio da Madrasta (1988), de Mario Vargas Llosa. O objetivo é retomar e problematizar a já ampla discussão a respeito das representações sociais do feminino na Literatura pelo viés da enunciação. Nesse caso, a partir do enfoque semiótico da personagem Lucrécia, em torno de quem podemos ler, no tanger de seus caracteres ao longo da diegese, manifestações simultâneas de objetificação e docilidade do corpo num processo de semiotização da madrasta: mãe de alguém/mulher de outro, cuidado/prazer, provimento/transbordo. Nessa direção, entendemos que a obra intersecciona linguagem verbal e visual, num trabalho de tecer uma mirada eminentemente erótica: o desejo enquanto força motriz para potencialização crescente do enredo que aloca Dom Rigoberto e seu filho Alfonso como polos em disputa e, a madrasta Lucrécia, como elemento duo de desestabilização de uma ordem social frágil, pressuposta na relação familiar performada nos elos pai-filho. Tal configuração lança sobre o texto violenta carga em que o sexo é potência. Mais especificamente, o corpo feminino como signo em disputa. Portal por onde, seja pelo verbal, seja pelo não verbal, emana a possibilidade de tessitura de lugares ocupados pela personagem feminina na narrativa. É a representação e/ou sub-representação semioticamente tecida destes lugares do feminino que nos interessa neste breve estudo. Entendemos que é por meio da leitura das performatividades desse corpo dentro de um mundo ordenado em prol da satisfação de fantasias eróticas masculinas, enunciado no romance de Llosa, que podemos pensar a presentificação desta problemática ainda na cena contemporânea. Ler, portanto, os atos de subserviência que transitam entre a esfera da “liberdade” sexual feminina e da dominação legítima. Para tanto, nos valemos da busca de um aporte teórico amplo e, propositadamente, interdisciplinar: desde os postulados da semiótica como irreversível “lente” para a leitura dos processos de reconstrução dos sentidos (Pierce, Eco, Lotman e outros) até  Pierre Bordieu e sua propositura de violência simbólica; Yves Michaud (1989), na reflexão de tal fenômeno enquanto formatador do jogo social e seus valores de dominação; as contribuições de Foucault e sua História da Sexualidade; e, na mesma direção, Stearns (2010) em igual perspectiva histórica. Além de provocações como as trazidas pela Teoria da Representação Social (Serge Moscovici) ou pelas teorizações sobre interdição e lugar de fala do subalterno (Teoria Crítica e Crítica Pós-Colonial).

PALAVRAS-CHAVE: Feminino. Corpo. Personagem. Representação/Sub-representação. 

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Autor

Auricélio Ferreira de Souza

Olá, Pedro!

 

Obrigado pelo comentário!

 

Sendo das Literaturas, portanto, trabalhando com enunciados movediços e limítrofes, nós pensamos Lucrécia  e sua performance exatamente  num enunciar-se ambíguo: ela ora cede ao que é “obrigação” e “dever de esposa”, acumulando agora, também, a função de “madrasta”, como ora, numa espécie de penumbra, deixa entrever também a de uma mulher aberta à experiência de novas sensibilidades. Sente no corpo signos de um desejo que, mesmo sabendo “interditado” pelas regas sociais, o é ainda desejo... Daí ora repele, ora “quer” o menino junto de si. Vemos isso nos próprios dizeres/atos dela. Formas de enunciar.

Claro que o trabalho ainda estando em curso, se faz aberto para outras conduções e fechamentos.

Valeu!