Anais da Jornada Brasileira de Ressonância Magnética
Anais da XVI Jornada Brasileira de Ressonância Magnética

Identificar metabólitos séricos que refletem o estado e a gravidade da doença pode ajudar no diagnóstico e prognóstico, definir as melhores intervenções a serem aplicadas e o momento correto, bem como compreender o impacto da doença em todo o corpo. Com isso em mente, este estudo se propôs a medir o metabolôma do soro sanguíneo de pacientes (41) com sintomas de COVID-19 grave usando RMN de H-1. Os pacientes que foram positivos para SARS-CoV-2 por RT-qPCR foram agrupados como “COVID-19 grave” (n = 21), enquanto os pacientes negativos por RT-qPCR foram agrupados como “não COVID-19 grave” (n = 20). Essas amostras foram comparadas com as amostras de referência de voluntários saudáveis (n = 45) retiradas antes de início da pandemia. Os grupos eram homogêneos em relação ao gênero, idade e comorbidades para evitar qualquer comparação tendenciosa. Os soros (200 μL) foram descongelados em gelo, misturados com 250 μL de óxido de deutério (99,9%) em temperatura ambiente, centrifugados a 12,000 g por 2 min a 4 ° C e transferidos para tubos de RMN de 5 mm. Os metabólitos não polares (lipídios) foram isolados e analisados usando CDCl3 como solvente. Os espectros de alta resolução de RMN de H-1 NOESY 1D, CPMG, editado por DOSY e em 2D (TOCSY, HSQC) foram adquiridos no espectrômetro Bruker AVANCE III 600 MHz usando a sonda tripla inversa (TBI) a 25 °C. Os três grupos (P, N e H) foram separados com facilidade em PCA e em PLS- DA independentemente da matriz de dados usada. Os dados de RMN de H-1 de NOESY, CPMG, editados por DOSY do soro ou de lipídios isolados acusaram diferenças evidentes entre os grupos analisados. Os efeitos da COVID-19 sobre metabólitos séricos foram extremos e refletem todas as respostas do corpo ao vírus SARS-CoV-2. Especialmente os altos níveis de glicose chamam a atenção e a desproporção em níveis e tipos de lipídios. Enquanto o colesterol e os esteróis livres foram muito menores em pacientes com COVID-19 grave do que em controles saudáveis, as fosfocolinas e VLDL foram as mais abundantes. Além disso, a maioria (60-75%) dos metabólitos do soro sanguíneo aumentou em pacientes com COVID-19 e em pacientes que foram negativos, porém com sintomas graves. Quando analisadas as vias metabólicas, muitas delas foram alteradas de maneira marcante devido à doença. Como por exemplo a biossíntese de aminoacil t- RNA, metabolismo de aminoácidos (glicina, serina e treonina), metabolismo de aminoácidos de cadeia ramificada (valina, leucina e isoleucina), metabolismo de glicerofosfolipídeos, entre outras vias. Finalmente, a RMN de H-1 poderá ser usada com sucesso para classificar os pacientes graves devido múltiplas e várias alterações de metabólitos e níveis de lipídios no seu soro.

Força Tarefa da UNICAMP contra COVID-19, FCM, IB, IQ, FAEPEX, CNPq.