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Sobre

O Grupop (Grupo de Pesquisa em Comunicação, Música e Cultura Pop – CNPq), sediado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), convida a comunidade acadêmica a submeter Resumos Expandidos para apresentação de suas pesquisas na segunda edição do Simpósio Popfilia, a ser realizado entre 28 e 30 de junho de 2023, tanto na modalidade virtual quanto presencial. O Simpósio Popfilia dedica-se à área de estudos da Cultura Pop nas interfaces entre Comunicação e Música prioritariamente, estando aberto à transdisciplinaridade e às investigações interessadas nos estudos de Performance e áreas afins. 

Na primeira edição do Simpósio Popfilia, realizada em 2021, nosso mote era questionar “que pop é esse que nos habita?” – partindo do pressuposto de que os produtos da cultura pop (principalmente da música pop) constituem parte significativa de nossas subjetividades. Estávamos interessados em discutir as diversas formas com que o pop emerge nas culturas e nos corpos e os 47 trabalhos apresentados no simpósio de 2021 evidenciaram bem como a Cultura Pop se capilarizou nas mais diversas áreas do conhecimento: da Comunicação, passando pela Música, Educação, Artes, entre outras. 

Portanto, se na edição inaugural do evento, a pergunta era “que pop é esse que nos habita?”, nesta segunda edição lançamos o questionamento: “que filia é essa que nos habita?”. Ou seja, que afetos, emoções, experiências, desejos, o pop desperta? Ao propormos essa pergunta, pensamos nas mais diferentes cenas que envolvem “filias” aos materiais heterogêneos que constituem a cultura pop: afetos por ídolos materializados em objetos, performance e escuta como artifício e sublimação, memória e gesto perpassadas por sons e imagens, experiências públicas ou privadas em torno do lazer e do entretenimento. Com isso, convidamos a debater as relações de encontro, amor, amizade, prazer e desejo constituímos com a cultura pop e a partir dela. 

Nosso interesse se relaciona com a vontade de celebrar o pensamento da autora e ativista estadunidense bell hooks (1952-2021), que faleceu em dezembro de 2021 e se tornou uma referência central de leitura e estudo no Grupop. Pensar as “filias” da cultura pop através da perspectiva crítica, interseccional, emocional e rasgadamente ensaística de bell hooks nos auxilia a refletir sobre maneiras “opositoras” de assistir a filmes, formas pelas quais celebridades exercem seus ativismos, fantasias de populações marginalizadas vinculadas à cultura pop, realçando um potencial de reconfiguração da realidade gestado a partir de recortes marcadamente raciais.

Obras como “Olhares Negros – Raça e Representação” (publicado originalmente em 1992), em que hooks analisa desde cantoras como Josephine Baker, Tina Turner e Madonna, passando por filmes icônicos para a cultura pop como “Paris is Burning” (1990) foram centrais nos debates do nosso grupo de pesquisa por tratarem objetos da cultura popular midiática como sintomas de debates de raça, gênero, classe, política, colonialismo e capitalismo através de subjetividades que retiram de cena a transparência da branquitude. 

A questão da “filia” também se conecta a outra obra importante de bell hooks, “Tudo Sobre O Amor: novas perspectivas” (2000) em que, desconfiando de idealizações essencialistas sobre as emoções, a autora propõe entender o amor como uma ética de vida e porta de entrada para discutir questões de classe, raça, gênero, geração, sexualidade, nação etc. O amor, assim, aparece como um caminho potente para transformar os modos de subjetividade que envolvem nossas vidas em meio ao avanço do capitalismo neoliberal. 

Ação de construção cotidiana, potencial político, encontro, troca, toque: que práticas e concepções de amor são agenciadas, mediadas  e produzidas através da cultura pop? Que afetos circulam através da cultura pop e que modos de vida eles engendram? De que estética e ética estamos tratando ao observarmos, de forma um pouco mais detida e apurada, as experiências com sons e imagens do pop?

Assim, convidamos pesquisadores, artistas e pessoas interessadas das mais diversas áreas a submeter resumos expandidos cujas discussões giram em torno da cultura pop e suas diversas “filias”, de preferência (mas não apenas) a partir das chaves temáticas apresentadas abaixo.

Chaves Temáticas:

  • “Hold up, they don’t love you like I love you”:  concepções de amor na cultura pop; canções de amor e a concepção colonial-moderna de amor romântico; relações interseccionais entre músicas de amor e questões de raça, gênero, classe, sexualidade, geração, etc. 
  • “Must be love on the brain”: a virada afetiva nas ciências sociais e humanas; o lugar da emoção nas práticas científicas; metodologias contra-hegemônicas nas pesquisas de cultura pop; música pop e produção de subjetividades; micropolíticas do pop.
  • “Te amo, lá fora”: novas perspectivas sobre estudos de fãs; fandom e experiência estética; trabalho “afetivo”; fandom, ética e práticas científicas; afeto, gênero musical e consumo.
  • “Não existe amor em SP”: filiações e espacialidades da música pop; tensões entre público e privado no consumo cultural; territórios afetivo-existenciais através da música.
  • “Qualquer maneira de amor vale a pena”: gênero, performance e escuta na música pop; corporalidades, desvios e desejo em expressões artísticas ligadas ao pop; normatividades, policiamentos e agenciamentos em torno da expressão de amor e sexo na música. 
  • “O nosso amor a gente inventa”:  narrativa, amor e dramas sociais; utopias do corpo e fabulações; escutas dissidentes e fantasias de futuridade; processos de encenação do corpo musical.
  • “O meu corpo tá mexendo sozinho”: coreografia e gesto na música pop;  efeitos somáticos do afeto no/pelo pop; poéticas da putaria na experiência musical; corpo, sexualidade e sonoridade.
  • “Uhhhhhh – uh – aaaAAahhh”: a voz na construção do corpo midiático; tradições vocais da música pop; canto, choro, grito, êxtase e declarações de amor; dublagem e encenação de si; performance e gesto na voz. 
  • “Lo que tú sientes se llama obsesión”: música pop e melodrama na América Latina; música e fabulações coloniais e anticoloniais; desamor, afeto e melancolia na música pop.
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