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Estar imerso na cultura pop é se estender por objetos que falam por clichês, por frases de efeito, por arranjos musicais já excessivamente difundidos, por filmes cujos finais já sabemos, canções cujos versos já ouvimos, refrões que nos arrepiam, cenas de novela que nos fazem chorar, e por aí adiante. Entre reiterações, afetos e produtos maçantes, o que parece “vazar” naquilo que o bom gosto, a “norma culta”, o valorativo e a “intelectualidade” soam atestar como excessivamente comercial, deliberadamente afetivo e ultra-permissivo, nos interessa. E nos interessa porque, de alguma forma, nos habita.
Os produtos da cultura pop, afinal, nos afetam e são afetados por nós, nos perpassam, e nos rendem percepções sobre nós mesmos e diversos mundos possíveis e impossíveis ao nosso redor, construindo as tessituras sensíveis de nossas vidas cotidianas. Assim, investigar aspectos da cultura pop – em especial em suas esferas musicais e sonoras – envolve formular investimentos teóricos que deem contas das relações pelas quais nós fruímos e tensionamos tais produtos e somos tensionados por eles em retorno. Seja olhando para artistas da música, divas pop na televisão, videoclipes, álbuns e singles, covers de fãs, coreografias em festas e práticas de escuta conjuntas ou individuais, pesquisar cultura pop esbarra com discussões sobre diferentes aspectos dos corpos em suas diversas socializações, estados e impermanências. Pensar o pop, assim, é um convite às reflexões sobre os diferentes aspectos corporais de nossas existências, agenciando como nos relacionamos a nível corporal com uma cultura que é pop, constituindo-a. Se o pop nos habita, afinal, é porque faz parte das nossas incorporações, encenações e construções de mundos, às vezes por atos de prazer e pertencimento, outras vezes ressaltando nossas distinções, cisões e precariedades.
Diante deste panorama e celebrando nossos 10 anos de existência enquanto GrupoPop (Grupo de Pesquisa em Comunicação, Música e Cultura Pop), sediado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da UFPE, convidamos pesquisadores interessados para submissão de trabalhos ao 1º Simpósio Popfilia: “Que pop é esse que nos habita?”. Com tal delimitação, visamos formular um ambiente de debates que reúna discussões sobre os diversos aspectos corporais da música nas culturas pop, dialogando sobre as dinâmicas identitárias, materiais, midiáticas e performáticas dos corpos envolvidos com culturas compreendidas pela ampla valise do pop. Com esta proposta, pretendemos colaborar para o fortalecimento da rede de pesquisas em Comunicação e Cultura Pop no Brasil, mobilizada por pesquisadoras como Simone Pereira de Sá, com seu trabalho no Laboratório de Pesquisa em Culturas e Tecnologias da Comunicação (LabCult – UFF), Adriana Amaral, coordenadora do Grupo de Pesquisa – Cultura Pop, Comunicação e Tecnologias (CultPop – Unisinos) e Jeder Janotti, coordenador do Laboratório de Análise em Música e Audiovisual (LAMA – UFPE). Assim, convocamos para submissão de resumos expandidos pesquisadores de áreas diversas cujos trabalhos e interesses perpassem as discussões sobre cultura pop e, mais especificamente, as chaves temáticas dispostas abaixo:
Corpos em ação! – aspectos coreográficos, vocais, gestuais e afetivos das performances ligadas à música
Pop e fabulações cotidianas de corpo – técnicas corporais de escuta, incorporações coreográficas, mediações musicais e performances do dia-a-dia.
Gêneros musicais – gêneros de corpo? – modos de performance, territorialidades e aspectos corporais dos gêneros musicais na cultura pop
Música, pop e interseccionalidades – afetações entre raça, gênero, idade, nação, sexualidade e demais aspectos interseccionados nos processos corpóreos
Colonizades? – estados de corpo, hegemonias e o global desigual
Ativismos, policiamento e políticas de/no corpo – conflitos, tensões, regulações, desvios e resistências na música pop
Aspectos audiovisíveis dos corpos musicais – videoclipes, dinâmicas fílmicas da performance musical e tecnologias de imagem e som
Ciborgues, pop e parafernália – tecnologias midiáticas, trecos, coisas e outros elementos não-humanos das corporeidades musicais do pop
Preservar a memória da conferência e aumentar o alcance do conhecimento científico é a razão pela qual o Processo de Galoá foi criado.
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