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Etica, razão e emoção nas decisões médicas

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Partindo da compreensão de que a medicina traz, na relação entre seu saber e sua prática, situações que podem configurar conflitos entre deveres para a ação do médico, o presente artigo busca aproximar-se da área especializada da Psiquiatria como ramo da medicina em que tais possibilidades se intensificam, caracterizando situações talvez emblemáticas para o agir ético do profissional.
No caso da Psiquiatria, estes conflitos assumem condições ainda mais complexas, colocando o psiquiatra com frequência diante de situações que exigem diversas competências na área para a tomada de decisão. Isso porque na atuação do psiquiatra há idiossincrasias que se devem principalmente a três fatores: 1 - a maior subjetividade do diagnóstico; 2 - a grande interface com os costumes da sociedade; e 3 - a presença de uma legislação específica para a área.
A Teoria da Deliberação Moral proposta por Diego Gracia entende que o conflito moral é sempre e necessariamente um conflito de valores. A deliberação tem por objetivo, portanto, saber qual é a melhor solução de um conflito moral identificando quais são os valores em conflito.
Avaliaremos aqui de que modo a subjetividade do médico, suas referências epistemológicas e sua racionalidade podem interferir nas decisões que toma diante de conflitos éticos, a partir da análise de um caso por nós supervisionado.
A área da Psiquiatria Forense revelar-se-á um campo fértil para esta reflexão, já que nesta são ainda mais frequentes os casos onde não só os valores do paciente e da vida estão em conflito, mas também o diagnóstico e as implicações para a sociedade. O papel do psiquiatra, quando solicitada sua avaliação, vai além da delimitação dos limites entre doença e não-doença, devendo também contribuir para a resolução do conflito que envolve a intersubjetividade entre médico e o paciente.