Aplicações clínicas da hermenêutica filosófica
A hermenêutica pode ser considerada como um dos movimentos filosóficos mais importantes do século XX, juntamente com a fenomenologia e o existencialismo (The Routledge Companion to Hermeneutics, 2015). A origem do termo mais provável vem do grego hermeneuein, que pode significar expressar em voz alta, explicar ou interpretar (Schmidt, 2012). Ao longo dos últimos 150 anos autores como Schleiermacher, Dilthey e Heidegger trabalharam com a concepção de hermenêutica de maneiras distintas, mas sempre tendo a interpretação como preocupação filosófica. Na presente mesa redonda desenvolveremos conceitos da chamada hermenêutica filosófica, cujos autores mais renomados são Hans-Georg Gadamer e Charles Taylor. Assim como as ideias de Martin Heidegger foram aplicadas à psicoterapia, concepções da hermenêutica filosófica vêm sendo aplicadas a reflexões clínicas e psicopatológicas. A importância do diálogo para a constituição do que é considerado verdadeiro e o reconhecimento de nossos preconceitos na apreensão do mundo são aspectos centrais desta perspectiva. A hermenêutica filosófica possui ainda a vantagem de conseguir uma posição intermediária entre um objetivismo e um relativismo radicais. A clínica “psi” - seja ela num consultório particular como em instituições - pode ser repensada em suas raízes mais profundas se considerarmos as proposições de autores como Gadamer e Taylor. A presente mesa redonda busca justamente oferecer possibilidades teóricas e práticas que justifiquem a importância da consideração das concepções desses autores.