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APLICAÇÃO EM SHINY: INTERSECÇÃO ENTRE GÊNERO, CLASSE E RAÇA NO ENEM DE 2016

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O Shiny é um pacote do software R que permite a síntese de aplicações em web, de forma que o usuário possa transitar pelo aplicativo intuitivamente. Através desta ferramenta, procurou-se desenvolver um website que permita a análise socioeconômica dos candidatos que realizaram as provas do ENEM no ano de 2016, baseado nos dados disponibilizados pelo INEP. Dentre as variáveis consideradas estão: renda, tipo de escola cursada (pública ou particular, com ou sem bolsa integral), gênero e cor/raça autodeclarada. A avaliação geral da performance do candidato foi feita de modo a comparar com o perfil geral de todos os candidatos através de uma amostra de 30 mil alunos selecionados do banco de dados. Este perfil foi então subdividido para representar os valores totais do Brasil e das regiões geográficas, sendo possível identificar diversos traços de desigualdade socioeconômica entre os participantes do ENEM 2016. O perfil de renda dos mil melhores candidatos é, em grande parte (82,4%), acima de 5 salários-mínimos, sendo que no grupo dos candidatos gerais apenas 10,8% apresentam essa renda. Outro fator relevante para o desempenho é a escola cursada: cerca de 98% das mil piores performances foram de alunos de escola pública. Ainda, foi possível perceber que apenas na prova de linguagem e na redação a presença das mulheres foi superior à dos homens dentre os candidatos com maiores notas. Candidatos pretos, pardos e indígenas estão entre os que apresentam as piores notas e os candidatos brancos os que exibem o melhor desempenho. A pesquisa evidencia a desigualdade racial camuflada no país e corrobora com a teoria de Bourdieu (1966), no sentido de que a classe dominante molda os padrões da educação e perpetua a desigualdade na condição do ensino.