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EntrarIntrodução: O cigarro eletrônico (CE) é um dispositivo de liberação de nicotina, cujo crescente uso é observado em vários países, tanto como substituto quanto auxiliar para cessação do tabagismo convencional. Os objetivos desse estudo foram avaliar os efeitos do uso de CE na iniciação (em não fumantes), cessação (em fumantes) e na recaída (em ex-fumantes).
Métodos: Buscas na literatura foram realizadas nas bases MEDLINE, EMBASE, Cochrane Library e LILACS. Foram seguidas as recomendações da diretriz do Ministério de Saúde para condução de revisões sistemáticas (RS). Para desfechos de iniciação e recaída foram incluídos estudos de coorte e para cessação, ensaios clínicos randomizados. Metanálises foram realizadas utilizando o modelo de Mantel-Haenszel de efeito randômico. Para o risco de iniciação foram considerados dois desfechos: experimentação e tabagismo atual (últimos 30 dias). Para recaída foram considerados diferentes graus de exposição ao CE (experimentação ou uso no passado, uso ocasional e uso regular). Na análise de cessação considerou-se abstinência sustentada do tabagismo convencional comparando CE com nicotina com terapia de reposição de nicotina (TRN) e com CE sem nicotina.
Resultados: Para iniciação, o uso de CE aumentou em mais de três vezes o risco de experimentação de cigarro convencional (RR=3,42; IC95% 2,81 – 4,15; I² 95%; 22 estudos) e em mais de quatro vezes o risco de tabagismo atual (RR=4,32; IC95% 3,13 – 5,94; I² 73,6%; 9 estudos). Entre ex-fumantes, usuários ocasionais de CE apresentaram risco aproximadamente duas vezes maior de recaída, quando comparado a não usuários (RR=1,98; IC95% 1,31–2,98; I² 54,4%; 3 estudos). Para as exposições de experimentação e uso regular, não foram encontradas diferenças entre os grupos. Para eficácia do CE na cessação do tabagismo, os resultados da metanálise mostraram maior abstinência sustentada no grupo do CE com nicotina em comparação ao CE sem nicotina (RR=1,70; IC95% 1,16 – 2,48; I² 0%; 4 estudos). Entretanto, na comparação com TRN, não houve diferença (RR=1,25; IC95% 0,73 – 2,14; I² 70,0%; 3 estudos) entre os grupos.
Conclusões: O CE aumenta o risco de iniciação ao tabagismo convencional em não fumantes e resultados apontam para o potencial de aumentar também a recaída em ex-fumantes. A presença da nicotina no CE parece favorecer a cessação do tabagismo convencional, entretanto, não foi verificada diferença na comparação com a TRN, forma já estabelecida de reposição temporária de nicotina. A liberação da comercialização desses dispositivos no Brasil pode representar uma ameaça às políticas de controle do tabagismo.
marilia mastrocolla de almeida cardoso
Olá Aline, parabéns pelo trabalho de vocês! Um tema muito relevante!! Minha pergunta é: Diante desse investimento em cigarros eletrônicos em vários países, vocês encontraram algo falando sobre o uso entre a população adolescente? Penso que esse dispositivo se torna ainda mais perigoso para esse público. Embora aqui no Brasil os cigarros eletrônicos sejam proibidos entendo que deva haver grande pressão para sua autorização e fico realmente preocupada com esse público caso a ANVISA autorize. Obrigada!
Marcela Correia
Bom dia!
Primeiramente parabéns pelo trabalho.
Gostaria de saber se encontraram nos trabalhos o perfil do usuário e preferências entre as alternativas de cessação do tabagismo. Temos visto uma "propaganda" de usuários de cigarro que conseguiram diminuir o hábito com o uso do cigarro eletrônico.
Laura Augusta Barufaldi
Bom dia, Marcela. Obrigada pela sua pergunta.
Na revisão sistemática cujo desfecho era cessação do tabagismo, não avaliamos preferências do usuário, entretanto, foram incluídos nessa RS apenas ensaios clínicos randomizados, o que, teoricamente, garante a distribuição dos participantes entres os grupos de intervenção, com relação à essa e outras características que possam influenciar no resultado.
Outra questão importante é que o desfecho avaliado foi cessação do tabagismo convencional, não avaliamos a diminuição do consumo de cigarro.
Apesar das “propagandas” relacionadas ao cigarro eletrônico, no nosso resultado não encontramos diferença na cessação do tabagismo quando comparamos o cigarro eletrônico com nicotina e a terapia de reposição de nicotina- TRN (gomas de mascar e adesivos- forma de tratamento já utilizada, inclusive no SUS). E cabe salientar ainda, que o tratamento com a TRN tem um período específico de duração, enquanto o uso do CE pode acabar sendo mantido por mais tempo, mantendo o indivíduo dependente de nicotina.
Esse resultado é preliminar e entendemos que tem limitações pelo número pequeno de estudos incluídos. Acreditamos que novos ensaios clínicos devam ser conduzidos comparando com a terapia de reposição de nicotina combinada.
Abraços
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Laura Augusta Barufaldi
Boa tarde, Marília! Obrigada!
Com relação à sua pergunta, a nossa primeira revisão sistemática, que avaliou o desfecho de iniciação ao tabagismo convencional, tem enfoque justamente na população jovem.
Encontramos que o uso do cigarro eletrônico aumenta em 3 a 4 vezes o risco de iniciação do tabagismo convencional.
Também consideramos que essa é uma questão importante quando se avalia a liberação da venda.
O artigo sobre essa revisão sistemática foi aceito para publicação na Revista Ciência & Saúde Coletiva e pode ser acessado pelo link:
http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/risco-de-iniciacao-ao-tabagismo-com-o-uso-de-cigarros-eletronicos-revisao-sistematica-e-metaanalise/17801
Atenciosamente,
marilia mastrocolla de almeida cardoso
Obrigada Aline!! Farei o download do material sim!! Trabalho e pesquiso nesta área e me interesso muito por este tema!! Obrigada!!