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FATORES ASSOCIADOS AO HIV ENTRE MULHERES TRANSGÊNERO: UM ESTUDO RDS EM SALVADOR-BAHIA

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Objetivo: Estimar fatores associados ao HIV entre mulheres transgênero (MT) de Salvador/Bahia. Metodologia: Inquérito biológico-social-comportamental de corte transversal entre 127 MT (Estudo PopTrans) recrutadas via amostragem dirigida pelo participante Respondent Driven Sampling (RDS). Análises descritiva e multivariada foram ponderadas pelo inverso do tamanho da rede de contato social das participantes (pesos). Regressão logística foi usada na estimativa dos odds ratios ajustados para fatores associados ao HIV. Resultados: Estimou-se uma prevalência de HIV de 9,0% (IC95%: 3,96-14,06) e de 31,6% de sífilis (IC95%: 20,1-45,6). Dados sócios demográficos: 46,2% se autoidentificaram como travesti e 53,8% como transexual/transgênero/mulher; 15-24 anos (57,2%), negras ou pardas (80,4%); ≤ 12 anos de escolaridade (91,4%); trabalho sexual (57%) ou desemprego (14.2%); experiência de discriminação pela família (57,5%); e pelos vizinhos (76,4%). Práticas sexuais: uso consistente de preservativo com parceiros casuais (78,8%) e clientes (60%), e uso de preservativo com parceiros fixos (26%). Associaram-se positivamente ao HIV: infecção por sífilis (ORaj=6,2; IC95%:1,18-32,53); identidade travesti (ORaj=7,8;IC95%:1,24-49,33); menos escolaridade (ORaj=31,2;IC95%: 2,52-387,72); experiência de discriminação pela família (ORaj=11,4; IC95%:2,21-59,25); e pelos vizinhos (ORaj=17,9; IC95%:1,45-222,08). Conclusão: Os dados confirmam taxas desproporcionalmente elevadas de HIV entre MT, comparado com a população brasileira em geral, e mesmo com outras populações chaves como homens que fazem sexo com homens ou usuários de drogas. O achado da relação entre sífilis e HIV já é conhecido, porém evidenciamos a importância dos determinantes sociais como fatores de vulnerabilidade a infecção pelo HIV, seja a discriminação por familiares e vizinhos, sejam identidades sociais específicas (e.g. travesti).