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DESIGUALDADE DE RENDA E DOENÇAS CARDIOVASCULARES NO BRASIL: UMA ANÁLISE MULTINÍVEL.

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Objetivo: Analisar o efeito contextual da desigualdade de renda na morbidade por doenças cardiovasculares (DCV) em adultos residentes nas capitais brasileiras. Métodos: Trata-se de um estudo transversal que utilizou os resultados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que incluiu uma amostra representativa de adultos (≥ 18 anos) residentes nas capitais brasileiras em 2013 (n=27.017 indivíduos). Foram ajustados modelos logísticos multiníveis Bayesianos para analisar a associação entre a desigualdade de renda e a presença de doenças cardiovasculares, controlando por fatores individuais e pela renda per capita da cidade de residência. Resultados: Foi observada uma associação significativa entre a desigualdade de renda e a presença de doenças cardiovasculares, mesmo após o controle por fatores individuais e pela renda per capita do local de residência. No nível individual, idade mais avançada, baixa escolaridade, histórico de tabagismo e a presença de hipertensão, diabetes e hipercolesterolemia apresentaram uma associação significante com a presença de DCV. No nível contextual, foi observada uma maior chance de DCV entre aqueles que vivem em cidades com médio (OR = 1,25; IC95% = 1,15-1,37) e alto nível de desigualdade de renda (OR = 1,17; IC95% = 1,06-1,29), mesmo após o controle pela renda per capita. Conclusão: Os resultados destacam a importância da desigualdade de renda na morbidade por doenças cardiovasculares no Brasil. Esse efeito, independente das características individuais e contextuais, observado pelo presente estudo, sugere uma importante contribuição das características contextuais nas doenças crônicas, principalmente em países com altos níveis de desigualdade como o Brasil.