76168

ASSOCIAÇÃO ENTRE TRABALHO NOTURNO E PRESSÃO ARTERIAL: UM ESTUDO COM FOCO NA DOSE DA EXPOSIÇÃO

Favoritar este trabalho

Objetivo: Dados controversos sobre a associação entre o trabalho noturno e a pressão arterial elevada são muitas vezes atribuídos a diferentes definições de trabalho em turnos e/ou a falta de detalhamento desta variável de exposição. O objetivo do estudo foi avaliar a relação entre as doses atual (número de noites) e acumulada (total de anos) de trabalho noturno e os níveis pressóricos em uma equipe de enfermagem. Métodos: Estudo seccional realizado com profissionais de enfermagem de um hospital público do Rio de Janeiro (N=1185). Os dados foram obtidos por meio de questionário e foi realizada aferição da pressão arterial. Análises de regressão Gamma, ajustadas por potenciais confundidores, foram realizadas para testar as associações entre exposições e desfechos. Resultados: Trabalhadores noturnos somaram 562 indivíduos. A maioria (74%) trabalhava entre 2 e 4 noites/quinzena e 56,4% trabalhavam de 1 a 9 anos à noite. Foram observadas associações significativas entre 4 ou mais noites de trabalho/quinzena e as pressões sistólica (β=3,99 mmHg [IC95%:1,01-6,97]) e diastólica (β =2,30 mmHg [IC95%: 0,24-4,35]), tendo como referência aqueles que trabalham 2 a 4 noites/quinzena. Além disso, trabalhar à noite por mais de 9 anos foi associado a um aumento, em média, de 3,71 mmHg [IC95%:1,49-5,92] na PAS e 1,99 mmHg [IC95%: 0,46-3,52] na PAD, comparado aos indivíduos que trabalhavam a noite por 9 anos ou menos. Conclusão: O detalhamento da exposição ao trabalho noturno por meio da análise das doses atual e acumulada parecem relevantes no estudo da pressão arterial entre trabalhadores noturnos.