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TEMPO, TRABALHO E SAÚDE EM SERVIDORES: MUITAS HORAS DE TRABALHO OU TRABALHO SOB PRESSÃO?

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Objetivo: A intensificação do trabalho pode afetar a saúde. O tempo dedicado ao trabalho e trabalhar sob pressão do tempo têm sido associados a desfechos de saúde física e mental. Analisar o tempo total de trabalho e o trabalho sob pressão, em relação ao estado de saúde com base no Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). Métodos: Os dados da Onda2 (2013-2015) foram analisados de forma seccional, tendo como amostra 11.631 trabalhadores (aposentados excluídos). Foram considerados (i) o tempo total dedicado ao trabalho por semana, incluindo o trabalho nos fins de semana e durante a noite, (ii) a percepção da pressão de tempo no trabalho a partir de pergunta da escala de desequilíbrio de esforço-recompensa e (iii) a auto-avaliação da saúde (AAS). Resultados: Na amostra estudada, 12,4% relataram AAS ruim; 52,8%, 38,5% e 8,7% trabalharam <40h/semana, 40-60 horas/semana e >60h/semana, respectivamente; 54,9% relataram pressão de tempo no trabalho. Após ajuste pelas variáveis de confusão, tanto a pressão de tempo como as longas horas de trabalho (>60 horas) foram associadas à maior probabilidade de AAS ruim. No grupo exposto à "pressão de tempo", a probabilidade de reportar saúde ruim foi 15% maior, em comparação com os demais. Trabalhar mais de 60h/semana foi associado a uma chance 31% maior de relatar saúde ruim. Conclusão: Estes resultados se alinham aos de estudos recentes, segundo os quais as jornadas muito longas e o trabalho sob pressão do tempo são barreiras à atividade física e se associam a desfechos de saúde mental.