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DISPARIDADES ÉTNICO/RACIAIS EM DESFECHOS DE SAÚDE BUCAL EM ESCOLARES DO SUL DO BRASIL

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Objetivos: Este estudo avaliou a relação da raça/etnia com desfechos clínicos de saúde bucal e uso de serviços odontológicos em crianças do sul do Brasil. Métodos: Um processo de amostragem em duplo-estágio selecionou uma amostra representativa de 1134 escolares de 12 anos de escolas públicas de Santa Maria, RS, Brasil. Os participantes foram examinados clinicamente por 4 examinadores calibrados. Os pais/responsáveis responderam a questões relacionadas a características demográficas, socioeconômicas e de uso de serviços odontológicos. Características econômicas do bairro onde cada escola estava localizada foram também obtidas de publicações oficiais do município. Modelos multinível de Regressão de Poisson foram usados para avaliar as associações entre raça/etnia com desfechos clínicos (placa dental, CPO-S e sangramento gengival) e uso de serviços odontológicos. Resultados: Crianças não-brancas (grupo minoritário) obtiveram piores desfechos clínicos de saúde bucal. Apresentaram maior número de superfícies perdidas (IRR: 1,92; IC: 1,31-2,82) e menor número de superfícies restauradas (IRR: 0,52; IC: 0,37-0,71), maiores taxas de placa dental (IRR: 1,14; IC: 1,09-1,19) e de sangramento gengival (IRR: 1,08; IC: 1,03-1,13) quando comparados a crianças brancas. Não houve diferença étnico/racial para o uso de serviços odontológicos (P> 0,05). No entanto, o uso por motivo de dor dental foi maior (IRR 1,34; IC: 1,03-1,73) para crianças não-brancas. As associações permaneceram significantes mesmo depois de ajustes por características individuais e contextuais. Conclusões: Disparidades étnico/raciais em saúde bucal foram prevalentes. Os resultados demonstram a necessidade de políticas públicas que considerem a existência dessas diferenças na população e objetivem a redução das iniquidades.