Anais do 11 º Congresso Brasileiro de Epidemiologia

Objetivos: Descrever a prevalência do uso de serviços odontológicos por idosos no Brasil e sua associação com variáveis socioeconômicas, comportamentais e de saúde bucal. Métodos: Um estudo observacional transversal com dados Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, com uma amostra representativa de idosos com 60 anos ou mais foi realizado. Variáveis demográficas, socioeconômicas, comportamentais de saúde e de saúde bucal autorreferida foram avaliadas. A variável desfecho foi uso de serviço odontológico no ano anterior à entrevista. Razões de prevalência (RP) brutas e ajustadas foram estimadas por meio de regressão de Poisson, utilizando o comando svy, considerando o plano amostral complexo. Resultados: Dados de 22.728 idosos foram avaliados. A prevalência de uso de serviço odontológico no último ano foi de 34,3% (IC 95%: 33,2-35,4), dos quais 20,1% (IC 95%: 18,7-21,7) utilizaram serviço público e 66,9% (IC 95%: 65,0-68,8) precisaram pagar pela consulta. Na análise multivariada, idosos vivendo na zona urbana [RP: 1,18 (IC 95%: 1,08-1,29)], com cor da pele branca [RP: 1,49 (IC 95%: 1,01-2,23)], ensino superior completo [RP: 2,26 (IC 95%: 1,99-2,58)], renda domiciliar maior do que 5 salários mínimos [RP: 1,30 (IC 95%: 1,04-1,61)], que perderam menos de 10 dentes [RP: 2,13 (IC 95% 1,96-2,32)] com autopercepção positiva da saúde bucal [RP: 1,10 (IC 95% 1,04-1,16)] utilizaram mais o serviço odontológico no ano anterior à entrevista. Conclusão: Houve um claro gradiente socioeconômico na utilização de serviços odontológicos pelos idosos brasileiros. Os achados reforçam a relevância do Sistema Único de Saúde para o enfrentamento das iniquidades em saúde no Brasil.