Anais do 11 º Congresso Brasileiro de Epidemiologia

Objetivo: Investigar associação entre exposição crônica a agrotóxicos e excesso de peso e obesidade abdominal em trabalhadores rurais e familiares. Métodos: Estudo transversal, com amostra aleatória de 122 agricultores e familiares do município de Farroupilha – RS, Brasil. Informações sociodemográficas, comportamentais e ocupacionais coletadas com questionários padronizados. Exposição ocupacional autorrelatada, com período, frequência e total de anos de manipulação. Agrotóxicos foram classificados pela ação: fungicida, inseticida e herbicida, grupos químicos: organofosforados, ditiocarbamatos, piretroides e organoclorados e aqueles mais utilizados: glifosato, mancozeb e paraquat. Desfechos foram obesidade abdominal (circunferência da cintura ≥88 cm/mulheres e ≥102/homens) e excesso de peso (IMC ≥25kg/m²). Conduziu-se análise multivariada por Regressão de Poisson. Resultados: Prevalência de excesso de peso foi de 59% e obesidade abdominal de 50,8%. Após controle para variáveis sociodemográficas e comportamentais, o uso crônico de inseticidas (qualquer tipo) e organofosforados estiveram associados a maiores prevalências de excesso de peso, mas não de obesidade abdominal. Agricultores que utilizaram inseticidas >20 anos apresentaram probabilidade 45% maior de ter excesso de peso (RP: 1,45, IC95%: 1,00-2,10), comparado com quem nunca teve contato. Já os agricultores que utilizaram organofosforados >20 anos apresentaram probabilidade 48% maior de ter excesso de peso (RP: 1,48, IC95%:1,02-2,12). Conclusões: Achados sugerem que exposição crônica a inseticidas e organofosforados pode estar associada a maiores prevalências de excesso de peso. Alto consumo de agrotóxicos no país, pouca ou nenhuma política de proteção aos trabalhadores, é urgente ampliar investigações para confirmar esses achados e esclarecer mecanismos específicos da ação desses agentes na etiologia da obesidade.