Anais do 11 º Congresso Brasileiro de Epidemiologia

Objetivo: Analisar a associação entre insegurança alimentar e sintomas depressivos em Bagé (RS), a partir de quatro inquéritos epidemiológicos sequenciais. Métodos: Estudos transversais sobre a Covid-19 com adultos e idosos de Bagé, realizados entre maio e junho de 2020. Insegurança alimentar foi avaliada utilizando-se a versão curta da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, sendo identificada quando pelo menos uma resposta positiva na escala era observada. A presença de sintomas depressivos foi avaliada pelo instrumento Patient Health Questionnaire-9. O ponto de corte utilizado na definição da presença de sintomas depressivos foi de ≥9 pontos. Associação entre insegurança alimentar e sintomas depressivos foi analisada utilizando-se regressão de Poisson bruta e ajustada, considerando-se características sociodemográficas como fatores de confusão. Resultados: A análise incluiu 1550 indivíduos com 20 ou mais de idade entrevistados nos quatro inquéritos analisados. Insegurança alimentar foi identificada em 29,4% (IC95% 25,0; 34,4) dos entrevistados, enquanto a presença de sintomas depressivos foi identificada em 9,6% (IC95% 7,3; 12,5) da amostra. Famílias com insegurança alimentar tiveram 2,3 (IC95% 1,6; 3,3) vezes mais sintomas depressivos. Resultado similar foi observado na análise ajustada (RP = 2,2; IC95% 1,6; 3,2). Conclusão: Insegurança alimentar esteve positivamente associada à prevalência de sintomas depressivos durante a pandemia de Covid-19 em Bagé, independente de fatores sociodemográficos. Medidas que garantam à população brasileira o direito à alimentação adequada e saudável devem ser foco de ação a fim de que os impactos da pandemia sobre a saúde mental dos brasileiros não sejam ainda maiores.