Anais do 11 º Congresso Brasileiro de Epidemiologia

O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de traumatismo dentário autorreferido em escolares e seu impacto na qualidade de vida relacionada à saúde bucal (QVRS). A pesquisa foi realizada com escolares de 12 anos da cidade de Erechim-RS. Um questionário estruturado foi enviado aos responsáveis para verificar as características socioeconômicas das famílias; as crianças responderam a um questionário sobre raça/etnia, necessidade de tratamento odontológico, relações sociais e relato de traumatismo dentário. OHRQoL foi medido usando a forma abreviada do Questionário de Percepção da Criança 11-14 (CPQ 11-14). Os dados foram ajustados em um modelo de regressão logística. A amostra incluiu 354 escolares de 15 escolas, 59% eram meninas, sendo 71% brancas e 14% declararam não ter amigo próximo. A maioria das mães relatou ter mais de 8 anos de estudo formal (69%) e 26% das famílias possuíam renda de até 2 salários mínimos brasileiros. A média dos escores do CPQ 11-14 foi de 13,4 (DP 8,3), e 44% das crianças tiveram escores acima da média; 43% relataram ter sofrido traumatismo dentário e 69% acreditam que precisam de tratamento dentário. A análise ajustada mostrou que escolares que relataram a ocorrência de traumatismo dentário apresentaram maior chance de pontuação acima da média no CPQ 11-14, mesmo quando ajustada por sexo, raça, necessidade de tratamento odontológico, ter amigo próximo, renda familiar e escolaridade da mãe. É possível evidenciar o impacto do traumatismo dentário autorreferido na OHRQoL de escolares mesmo na presença de outros fatores conhecidos como importantes preditores de suas medidas.