Anais do 11 º Congresso Brasileiro de Epidemiologia

Objetivos: apresentar a validade dimensional e a confiabilidade de uma escala de percepção de risco de adoecimento por COVID-19 e avaliar sua associação com fatores sociodemográficos, ocupacionais e relacionados ao sono. Métodos: estudo transversal, no Rio de Janeiro, com 2996 trabalhadores da saúde que preencheram questionário online sobre condições de trabalho e saúde na pandemia da COVID-19. Resultados: a maioria era de mulheres, com ensino superior e cuidadores de criança/idoso. Técnicos/auxiliares de enfermagem, enfermeiros, médicos e outros profissionais de saúde de nível superior compuseram os grupos mais frequentes. A maioria trabalhava em hospitais especializados ou hospitais gerais. As análises fatoriais confirmatória e exploratória indicaram a unidimensionalidade da escala (CFI=0,945; TLI=0,957 e RMSEA=0,07), sendo o alfa de Cronbach=0,738 e a confiabilidade composta=0,832. Foram observadas maiores chances de alta percepção de risco de adoecimento por Covid-19 entre as mulheres (OR=1,70; IC95%:1,39;2,08) e aqueles que cuidam de crianças/idosos (OR=1,28; IC95%:1,10;1,49). Maiores chances de alta percepção de risco foi observada entre trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde (OR=2,19; IC95%:1,37;3,55), Hospital Geral (OR=1,82; IC95%:1,17;2,85), Unidade de Pronto Atendimento (OR= 1,78; IC95%:1,05;3,05) e Hospital Especializado (OR=1,67; IC95%:1,07;2,64), comparado aos trabalhadores da Vigilância/Telessaúde/Secretaria de Saúde. Alta percepção de risco também foi associada a maior chance de referir alterações na duração do sono (OR=2,42; IC95%:1,98;2,97), aumento na dose de medicamentos para dormir (OR=1,91; IC95%:1,47;2,48) e começar a usar medicamentos para dormir durante a pandemia (OR=2,08; IC95%:1,67;2,58). Conclusão: investigar os fatores associados a eventos estressantes como a pandemia da COVID-19 pode subsidiar o planejamento de ações de prevenção de doenças físicas e mentais entre os trabalhadores de saúde.