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O Silêncio que permeia a Sede Perioperatória: Um Estudo de Caso

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Objetivo: Explorar a percepção do paciente cirúrgico em relação aos motivos que o levam a não verbalizar sua sede espontaneamente aos profissionais de saúde. Método: relato de caso. O critério de seleção restringiu-se a: paciente cirúrgico na sala de recuperação pós-anestésica que não verbalizara a sede de modo espontâneo ao profissional de saúde, quando questionado, relatou sede de alta intensidade. Fez-se a coleta de dados por entrevista semiestruturada, gravada. Resultados e Discussão: O paciente, que recebeu o nome fictício de José, foi encaminhado a um hospital universitário relatando dor abdominal intensa e mantido em jejum absoluto por 40 horas após o diagnóstico de apendicite. Durante o deslocamento até o hospital, o paciente relatou sede, porém o médico reforçou a necessidade do jejum. Esse foi o único momento de verbalização deste sintoma. Quando questionado do porquê da não verbalização da sede, ainda que intensa, o paciente reafirmou a orientação da equipe sobre a necessidade de suportar esse desconforto, declarou acreditar que é papel da equipe perguntar ao paciente se está com sede e que sentir sede é um preço a ser pago para submeter-se com segurança a uma cirurgia. Conclusão: As orientações da equipe reforçam no paciente o mito de que nada pode ser feito em relação à intensa sede no pós-operatório, por isso ele se cala. A grande maioria dos pacientes no pós-operatório imediato silencia a respeito da sua sede. Os motivos, significados e representações desse silêncio precisam ser explorados e olhados com intencionalidade.