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Introdução: A proposta deste estudo parte da recomendação da taxonomia da NANDA-I para desenvolvimento e aperfeiçoamento de diagnósticos aplicáveis na prática clínica. Objetivo: revisar o diagnóstico de enfermagem Risco de Olho seco da NANDA-I. Método: Estudo metodológico que partiu do constructo teórico produzido por meio do refinamento da análise de conceito sobre olho seco, construção das definições conceituais e operacionais dos fatores de risco, articulados com os resultados da validação clínica operacionalizada por meio de um estudo de coorte prospectiva. Resultados: Quanto ao título e definição do diagnóstico, 66 conceitos foram analisados e comparados com a definição da NANDA-I. Ponderou-se que o núcleo conceitual necessita de representação válida para o conhecimento em enfermagem e a mudança para ressecamento ocular posiciona o fenômeno para uma resposta humana e não uma doença e alinha a terminologia com a proposta de intervenção da taxonomia da NIC. Quanto à definição, recentes estudos evidenciam conflitos conceituais mediante sua complexidade e variação em diferentes populações. A primeira alteração proposta foi “desconforto ocular e/ou dano à córnea e à conjuntiva” pelas evidências de sinais e sintomas que se alternam ou também coexistem. A segunda proposta foi “devido à diminuição de produção e/ou aumento de evaporação que pode alterar a qualidade das lágrimas”. Ambas as condições alteram a quantidade do volume lacrimal e podem interferir na qualidade pela instabilidade do filme lacrimal, e se persistente, ocasionar a hiperosmolaridade lacrimal com potencial dano à córnea e à conjuntiva. Logo, foi proposto um novo título de Risco de Ressecamento ocular com a seguinte proposta de definição: “Vulnerabilidade a desconforto ocular ou dano à córnea e à conjuntiva devido à diminuição de produção e/ou aumento de evaporação lacrimal, que pode alterar a qualidade das lágrimas para manter a integridade da superfície ocular e comprometer a saúde”. Com relação aos fatores de risco, estes foram alocados em seis categorias: histórico de saúde, exposição ambiental, alteração dos mecanismos de proteção ocular, assistência ventilatória, agentes farmacológicos e tratamento cirúrgico. Após a validação clínica em pacientes internados na UTI, os fatores da NANDA-I que tiveram associação com a ocorrência do ressecamento ocular foram: lagoftalmia (p>0,041; RR: 3,51); ventilação mecânica invasiva (p>0,002; RR:2,18); redução ou ausência do reflexo espontâneo de piscar (p<0,037; RR=0,60); quemose (p<0,06; RR=4,94); agentes farmacológicos: sedativos (p<0,001; RR=10,83); analgésicos opióides (p<0,001; RR=17,50), vasodilatadores (p<0,006; RR=0,19). Os adicionais com associação foram: ausência de resposta dos nervos cranianos III, IV e VI (p<0,037; RR=0,28; p<0,008; RR=0,18; p<0,056; RR=3,25); alteração dos leucócitos (p<0,036; RR=0,30). Os demais que não foram validados com correspondência na literatura para outros grupos populacionais foram: lentes de contato, vitamina A, mudança hormonal, uso prolongado de dispositivos tecnológicos visuais, cirurgias oculares, colírio anti-glaucoma e com conservantes. Quanto ao fator de risco dano à superfície ocular, compreendeu-se por meio da análise de conceito que este é um consequente e não antecedente. Conclusões: A revisão do diagnóstico propôs mudança de terminologia do título diagnóstico, adequações na definição e atualização dos fatores de risco por categorias com possibilidade de predição de risco pelos níveis de evidência.