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Formação de Professores de Matemática no Tocantins: caminhos e descaminhos

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Neste trabalho apresentarei parte da história elaborada para a minha tese de doutorado concluída em fins de 2011 que buscou constituir uma história da formação de professores de matemática e dos primeiros cursos que preparavam estes profissionais no jovem Estado do Tocantins. A pesquisa abordou a estrutura física dos estabelecimentos, o perfil de discentes e docentes, as disciplinas ministradas, as motivações político administrativas e sociais que influenciaram a criação e desenvolvimento dos cursos, as principais práticas de formação, dentre outros aspectos. Valendo-se da História Oral como alternativa metodológica central e mobilizando fontes escritas disponíveis, constituímos uma análise narrativa em que se entrelaçam situações particulares do contexto educacional tocantinense, a criação do próprio estado, o processo de migração de professores, as influências políticas, o improviso na condução de cursos, as carências, urgências e transitoriedades que marcam a formação de professores de Matemática no estado. Como a proposta do trabalho concluído em 2011 foi a de tecer uma narrativa (como uma alternativa metodologia para a análise dos dados levantados durante a investigação) o texto que apresento ao I ENAPHEM é, também, uma narração: nela aponto como se deu a formação de professores na região que hoje faz parte do Tocantins antes mesmo da criação do Estado – o que ocorreu na Constituição Federal de 1988 – e antes da criação das primeiras escolas de ensino superior no estado – que surgiram em meados dos anos 1980. Essa narrativa – uma possível dentre muitas possíveis – sobre a constituição de cursos de formação de professores de matemática explicita compreensões obtidas a partir dos discursos, dos dados, das circunstâncias, de como as histórias de diferentes pessoas, registradas em seus depoimentos e auxiliam a compreender perspectivas e configurar paisagens. Apostamos na narração de uma trama temporal que tentou ressignificar os dados e enfatizar seu caráter único, fugindo de uma generalização, buscou-se em depoimentos orais, textos diversos, documentos e em nossa própria vivência pontos de convergência e de divergência, o que era recorrente e o que era singular, para compor uma narrativa entendida como cerne daquela pesquisa. Todo o caminhar da empreitada – elaboração do projeto, o levantamento de dados, o estudo de documentos e referências bibliográficas, a criação e o estudo das fontes constituídas a partir das entrevistas, os debates com o orientador e com o grupo de pesquisa, a avaliação dos membros da banca de qualificação – alicerçou a construção dessa interpretação sobre a institucionalização da formação de professores de matemática no Tocantins. Destaco no texto submetido a este evento a criação das primeiras escolas de ensino superior da região voltadas para a formação de docentes, especialmente a Faculdade de Educação Ciências e Letras da cidade de Araguaína (FACILA) que, posteriormente, no início dos anos 1990, foi encampada pela Universidade do Tocantins (UNITINS) e cerca uma década depois passou a integrar a Universidade Federal do Tocantins (UFT). A narrativa destaca as dificuldades enfrentadas pelos profissionais da educação para buscarem formação específica já que a região contava apenas com cursos emergenciais até meados da década de 1980, forçando os interessados na carreira docente a tornarem-se viajantes em busca de qualificação e oportunidades de trabalho. A criação de uma nova unidade federativa também foi motivo para a migração de professores que enxergaram no novo estado um local com uma grande procura de professores devidamente habilitados. Nosso texto apresenta, ainda, como personagens principais os colaboradores fundamentais para o desenvolvimento de nossa pesquisa: professores, ex-professores e ex-alunos entre outros agentes educacionais que atuaram na administração das instituições de ensino e órgãos públicos ligados à educação no estado. Finalmente, gostaria de destacar que este texto – e a pesquisa da qual foi adaptado – são fruto de um projeto de mapeamento histórico da formação de professores de matemática no Brasil, desenvolvido pelo Grupo de História Oral e Educação Matemática (GHOEM), que, sucintamente, investiga os modos como vem dando-se a formação e a atuação desses professores, como eles se vêm apropriando dos materiais didáticos, como vêm seguindo ou subvertendo as orientações legais em vigor. Incluem-se, no projeto, aspectos relativos à formação e atuação dos professores de regiões, características socioculturais e níveis de ensino distintos em diferentes momentos, com a utilização de diferentes tipos de composição textual nos relatos de pesquisa, a participação de pesquisadores em diferentes níveis de formação e a utilização de várias fontes.