44995

APONTAMENTOS SOBRE A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NA REGIÃO DE ITAIPULÂNDIA (PR)

Favoritar este trabalho

Itaipulândia é para a grande maioria das pessoas um lugar desconhecido e que várias perguntas surgem quando falamos sobre ela: “Ita o que?”, “Em que estado fica?”, “É perto de que cidade?”, entre tantas outras. Por já saber todas essas respostas, outra pergunta surgiu, sendo que é ela que delimita a pesquisa que realizamos em nosso mestrado[1]: qual a formação do professor de Matemática que atuava na região de Itaipulândia desde 1961 até o início da década de 1990 quando houve a emancipação do município? A partir deste questionamento, outras perguntas foram surgindo e é uma delas que abordaremos no presente trabalho: como foi constituída (historicamente) a educação nas terras do atual município de Itaipulândia? Primeiramente, respondendo às três primeiras questões feitas anteriormente[2], Itaipulândia é um pequeno município localizado na região Oeste do Paraná, localizado à beira do Lago de Itaipu, na fronteira do Brasil com o Paraguai. Com isso, entendemos que o território do que é hoje Itaipulândia passa a fazer parte do que é definido por Vilson Schenato: “Território é o lugar construído socialmente, ocorrendo produções e interações humanas, inclusive em um campo de forças em que se processam relações de poder e dominação ligadas às especificidades históricas do lugar” (SCHENATO, 2010, p. 3). Dessa forma, Itaipulândia passa por uma constituição de seu território repleta de especificidades que vão desde a sua colonização tardia (se comparado com outras regiões brasileiras e com o próprio Oeste paranaense) que iniciou a partir de 1961, passando pelo rápido desenvolvimento econômico, social e populacional da região ao longo das décadas de 1960 e 1970 e que foi estancado pela mecanização da agricultura e, principalmente, pela construção da Hidrelétrica de Itaipu por meio da formação do Lago de Itaipu, e que voltou a existir no início da década de 1990 com a emancipação do município em 1993 e o pagamento de royalties pelo Governo Federal em virtude das terras inundadas pela construção da Hidrelétrica[3]. Em meio a todo esse cenário de mudanças que atingiram a região de Itaipulândia, muitas coisas ficaram submersas, mas também muito foi possível resgatar graças a memória das pessoas, no nosso caso, especificamente, dos professores que atuaram na região ao longo desse período. Assim, encontramos, da mesma forma que um pirata ao descobrir o tesouro submerso em águas profundas, muitas evidências de como era a educação nessa região. A partir de relatos orais feitos por oito professores que atuaram (ou que ainda atuam) no território que atualmente constitui Itaipulândia, identificamos várias evidências de como era a educação nessa região. Assim, percebemos que quando o assunto era a educação, durante grande parte do recorte temporal da nossa pesquisa, a carência sempre esteve presente e que a situação do município mudou somente após a emancipação em 1993, quando o município passou a receber os royalties. Notamos, também, que a colonização “perfeita” feita por catarinenses e gaúchos descendentes de alemães e italianos (FREITAG, 2007; GREGORY, 2002), foi imprescindível para a instalação das primeiras escolas nas comunidades existentes nos primeiros anos de colonização da região. Além disso, a Itaipu não foi apenas responsável pelo pagamento dos royalties, mas modificou todo o panorama da educação em um território que foi gravemente atingido por inundações: comunidades inteiras com escolas ficaram em baixo d’água ou tiveram parte de suas terras atingidas, o que ocasionou um grande êxodo dos alunos para outras regiões, fazendo com que a educação passasse por dificuldades em vários locais. Assim, neste trabalho, buscamos apontar alguns aspectos relativos à educação na região de Itaipulândia desde a sua colonização, chegando até os dias atuais, quando ela ainda é financiada pelos royalties recebidos pelo município.   Referências Bibliográficas: FREITAG, L. da C. Extremo-oeste paranaense: história territorial, região, identidade e (re)ocupação. 2007. 208 f. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de História, Direito e Serviço Social, Universidade Estadual Paulista, Franca (SP), 2007. GREGORY, V. Os euro-brasileiros e o espaço colonial: migrações no Oeste do Paraná (1940-1970). Cascavel: Edunioeste, 2002.   SCHENATO, V. C. Expropriação, des-territorialização e construção de identidades rurais no Oeste do Paraná-BR. Congresso Latinoamericano de Sociologia Rural, n. 8, 2010, Porto de Galinhas. Anais... Porto de Galinhas: 2010. p. 1-20. [1] Pesquisa realizada junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Universidade Estadual Paulista (UNESP), que teve seu início no ano de 2011, na qual utilizamos a História Oral como metodologia de pesquisa, sendo realizadas oito entrevistas com professores que aturam na região de Itaipulândia. Essa pesquisa também faz parte do projeto que visa mapear (historicamente) a formação do professor de Matemática nas diferentes regiões brasileiras realizada pelo Grupo História Oral e Educação Matemática (GHOEM). [2] A quarta ainda está tendo uma de suas respostas constituídas. [3] A área total do município é de 336,173 km2, sendo que 176 km2 desse total foram desapropriados pela Itaipu e estão submersos. Já a sua população segundo o Censo de 2010 é de pouco mais de nove mil habitantes.