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ALGUMAS EVIDÊNCIAS RELATIVAS À FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA QUE ATUARAM NA REGIÃO DE ITAIPULÂNDIA (PR)

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Neste presente trabalho, abordaremos algumas evidências referentes à pesquisa de mestrado que realizamos junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e que está vinculada ao Grupo História Oral e Educação Matemática (GHOEM)[1], na qual buscamos apontar qual a formação do professor de Matemática que atuou na região de Itaipulândia, Paraná, no período de 1961 ao início da década de 1990. Entendemos, conforme Arruda (2002, p. 23-24), que “[...] a região é um espaço geográfico atravessado pela história que o institui enquanto referência para os próprios homens”. Dessa forma, ao pensar na região do município de Itaipulândia, não o compreendemos apenas com noções geográficas (localizado na região Oeste do Paraná, lindeiro ao Lago de Itaipu[2], na fronteira do Brasil com o Paraguai), mas sim como uma região que já sofreu intensas modificações ao longo de sua história: foi colonizado apenas a partir de 1961, passou por um acelerado aumento populacional e também um acentuado desenvolvimento econômico nos anos seguintes (SCARPATO, BÖHM, 2006), em 1982 foi atingido pela formação do Lago de Itaipu resultante da construção da Hidrelétrica de Itaipu e que em 1993 tornou-se um município que começou a receber uma quantidade considerável de royalties decorrentes das terras inundadas pela formação do Lago de Itaipu[3]. Dessa forma, essa pequena região já foi muito transformada ao longo dos anos: primeiro eram apenas matas sendo derrubadas para a formação de um núcleo populacional, passando por formação de comunidades que, anos depois, algumas ficaram submersas pela formação do Lago de Itaipu e as restantes tiveram que se manter e se reabilitar para lutar para a criação do município de Itaipulândia. É nesse cenário que partimos com uma pergunta: qual era a formação dos professores de Matemática que atuavam nas escolas que pertenciam à região do município de Itaipulândia desde a sua ocupação em 1961 até o início da década de 1990 quando o município se emancipou? Para encontrar algumas respostas para essa nossa questão buscamos informações com aqueles que vivenciaram alguns desses aspectos: os professores de Matemática. Assim, para a realização da pesquisa utilizamos a História Oral como metodologia, pois a entendemos como algo capaz de transformar elementos estáticos em dinâmicos e vivos, nos dando a possibilidade de ressaltá-los, trazendo-os à tona, possibilitando que informações possam ser completadas, tornando os objetos de estudo em sujeitos (GARNICA, 2007). Dessa maneira, seguiremos os passos desta metodologia: a constituição de um roteiro, o contato com os entrevistados, a realização das entrevistas, a transcrição, a textualização[4], a autorização dos direitos de publicação e a análise. Nesta última etapa é que nos concentramos no presente trabalho. Durante a análise fazemos um movimento de identificação de evidências que surgiram a partir das entrevistas realizadas. Compreendemos que desde a construção do roteiro das entrevistas já nos é possibilitado um momento de análise e que esse movimento ocorrem ao longo de todo o processo de construção da nossa pesquisa. Segundo Baraldi (2006), essa busca faz com que o pesquisador recorra a inúmeros referenciais teóricos que tratem de memória, tradição oral, história e outras evidências decorrentes das falas dos entrevistados, além da imersão em outras áreas do conhecimento como nas Ciências Sociais, Filosofia e tantas outras. Além disso, acreditamos que no momento das entrevistas, de acordo com Bolivar (2002), as narrativas orais constituídas têm a característica de apresentar a experiência concreta humana como descrição das intenções em determinados tempos e lugares, na qual os relatos são meios privilegiados de conhecimento e investigação. Além disso, “[...] um depoimento, além de dados, manifesta as cercanias de um discurso que não só reconstitui o que está sendo narrado, mas é, ele próprio, instância de constituição de situações e sujeitos (GARNICA, 2007, p.34)”, dessa forma potencializando várias formas de análise. A narrativa oral, segundo Cury (2007), possibilita uma análise de modo que há uma produção de significados a partir do momento que mobilizamos o texto, de forma que construímos uma narrativa própria. Dessa forma, podemos destacar algumas informações sobre formação dos professores da região como: a existência de poucos cursos de licenciatura na região Oeste do Paraná, sendo que na década de 1960 não haviam cursos de Matemática em nenhuma cidade da região, sendo que o primeiro surgiu apenas em 1972 em Cascavel, na antiga Faculdade de Cascavel (FECIVEL)[5], assim a formação precisava acontecer em centros afastados e, em muitos casos, ela era feita em “cursos vagos”, ou seja, cursos que eram realizados em finais de semana ou em determinados períodos do ano; e a grande quantidade de professores leigos atuantes na região, que se tornaram professores sendo formados (ou não) em cursos técnicos em contabilidade, técnico em comércio, que realizaram o LOGOS II[6], entre outros tipos de formações que faziam com que o professor tivesse que atuar em um caráter de urgência devido à carência da região em relação à professores formados. Assim, buscaremos mostrar algumas evidências que são percebidas nas entrevistas, tecendo a nossa visão (parcial) sobre a formação dos professores de Matemática da região de Itaipulândia.