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A formação matemática do Instituto Caetano de Campos em São Paulo na década de 1940

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Na primeira metade do século XX a formação de professores para o ensino primário no Brasil no Curso Normal foi se espalhando para atender o sistema educacional em constante expansão, sendo que “os estados organizaram independentemente, ao sabor de seus reformadores, os seus respectivos sistemas” (TANURI, 2000, p. 68 - 69). Dessa forma uma diversidade de iniciativas quanto à formação dos professores surge nos diferentes estados brasileiros.
A presente comunicação investiga a formação matemática no Curso Normal em um período que ficou conhecido como Escola Nova. De maneira geral, esse movimento de renovação, tem entre seus princípios o apoio nas descobertas que a psicologia oferecia sobre o desenvolvimento humano, e a recusa a pedagogia clássica elaborada a partir das obras de Johann Friendrich Herbart (MONARCHA, 2009, p. 23).
Em meio a esse movimento, na década de 1940 uma reforma é produzida em todo o sistema educacional pelo ministro Gustavo Capanema, entre os decretos-lei que constituem a Reforma Capanema, pode ser encontrado um documento que trata especificamente das Escolas Normais e ficou conhecido como “Lei Orgânica do Ensino Normal”.
O uso da palavra orgânica na nomenclatura da lei significa que se trata de um documento que tende a organizar uma determinada situação, estando sempre de acordo com Constituição vigente. Nesse caso, a lei Orgânica propõe a formação do professor em dois ciclos, o primeiro em nível ginasial, voltado para a formação do professor que aturaria nas escolas rurais e o segundo ciclo em nível colegial, podendo ser entendido como uma continuidade do primeiro era responsável pela formação do professor primário.
Tendo como referência esta legislação federal entende-se que o contato dos normalistas com a matemática se processava em duas disciplinas distintas ao longo da formação do professor, Matemática e Prática de Ensino. Utilizando principalmente nessa análise o Instituto de Educação Caetano de Campos e as fontes disponíveis no acervo histórico dessa escola a análise elaborada recai sobre a disciplina de Prática de Ensino realizada nessa escola na segunda metade da década de 1940.
A formação matemática realizada neste Instituto de Educação em relação à formação do normalista é algo que já aconteceu, sendo assim não existe mais no presente. Faz parte de um conjunto de conhecimentos que se integra ao campo da história da Educação Matemática, por esta razão utilizar-se-á dos processos de operação historiográfica elaborados pela História Cultural. É importante deixar claro que o trabalho de pesquisa na história da Educação Matemática não consiste em encontrar fatos, mas sim em construí-los, e que essas construções seguem procedimentos que garantem sua verificabilidade e veracidade (VALENTE, 2007, p. 31)
Algumas das ferramentas utilizadas nessa análise podem ser encontradas nas obras de Michel de Certeau (1994) e Roger Chartier (2009), tomando emprestados os conceitos por eles produzidos. De posse dessas ferramentas elaboradas pela História Cultural e dos documentos disponíveis no Acervo Histórico do Instituto de Educação “Caetano de Campos” estabelecer-se-á uma análise que relacione em que medida essas disciplinas demonstram apropriações do pensamento de autores que defendiam o movimento da Escola Nova, e como a influência do método ativo se fazia presente na formação dos normalistas desse Instituto de Educação.