85818

Museu Florestal Octávio Vecchi: análise da atuação histórica em extensão e avaliação do potencial futuro em divulgação científica

Favoritar este trabalho

O presente trabalho tem o objetivo de avaliar a atuação do Museu Florestal Octávio Vecchi em divulgação científica ao longo de sua história e, a partir desta análise, propor a readequação da expografia visando a potencialização do uso do espaço. Cientistas como Vogt (2011) e Beirão (2012) defendem que a divulgação científica é imprescindível para o exercício da cidadania e para a participação popular em questões pertinentes à sociedade que tenham um embasamento científico. Os museus de ciências são fontes importantes de conhecimento e vêm contribuindo para a cultura científica, para a educação formal e não formal em ciências e, consequentemente, para a percepção pública do papel da Ciência, Tecnologia & Inovação no desenvolvimento científico e tecnológico do país (ROCHA & MARANDINO, 2017). São instituições que possuem acervos de relevância histórica e que contribuem para a criação da identidade de uma sociedade (BARROS, 1988). O Museu Florestal Octávio Vecchi está localizado em uma área natural protegida de São Paulo (SP) e é vinculado ao Instituto Florestal, órgão de pesquisa científica do Estado. Foi inaugurado no ano de 1931 e esteve ligado à Secretaria de Agricultura até 1987, quando passou a integrar a Secretaria do Meio Ambiente. O espaço foi organizado com fins científicos, didáticos e culturais para demonstrar as possibilidades de aproveitamento racional das riquezas florestais, bem como fomentar o pensamento ambiental (da época). Desde o início o Museu Florestal foi uma instituição promotora de educação ambiental, ainda que a expressão tenha sido concebida apenas quarenta anos depois (PRIEDOLS, 2011). Para analisar a atuação do Museu Florestal ao longo dos anos, é necessário compreender os contextos históricos e políticos relacionados às áreas da produção científica do Instituto Florestal. Devemos considerar fatores como a transição da população brasileira, que na década de 1960 era predominantemente rural e a partir da década de 1970 passa a ser de maioria urbana, ou o fortalecimento dos movimentos ambientalistas, influenciado por marcos como a Conferência de Estocolmo, em 1972, e a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992. Considerando os contextos históricos e políticos nos quais o Museu Florestal esteve inserido durante sua existência e entendendo que outros nomes podem ter sido dados às atividades de divulgação das pesquisas científicas realizadas no espaço, em um primeiro momento propomos a simplificação da divulgação científica a um processo de transferência de conhecimento. Por conseguinte, faz-se necessária a compreensão dos conceitos que remetem a esse processo de transferência de conhecimento nos diferentes campos (pesquisa científica, agricultura, meio ambiente). Deste modo, a primeira etapa desta pesquisa é a realização de revisão dos conceitos de divulgação científica, extensão rural e educação ambiental. O objetivo é buscar convergências e divergências entre eles. Também serão revisados os conceitos que remetem às diferentes gerações de museus de ciência. Após a construção deste aporte teórico será realizada a análise do acervo documental referente ao Museu com o objetivo de levantar as ações de divulgação científica realizadas no espaço desde sua criação, bem como as ferramentas tecnológicas utilizadas (cinema, fotografia, pinturas e outros suportes peculiares ao espaço). Serão analisados os relatórios da Seção Técnica do Museu Florestal, publicações referentes ao Museu Florestal nos relatórios anuais da Secretaria de Agricultura e no Diário Oficial do Estado de São Paulo, bem como notícias em periódicos. Após compreensão das ferramentas (de cunho analógico) utilizadas para a transferência de conhecimento, serão avaliadas a possibilidades de convergência destas com as novas tecnologias, ou seja, a aplicabilidade em novas plataformas. Apesar do Museu Florestal ter sido criado originalmente com o objetivo de divulgar as pesquisas da instituição, partimos do pressuposto que o potencial de divulgação científica do espaço está subaproveitado. Será proposta a adequação da expografia, por meio da inserção de ferramentas tecnológicas contemporâneas digitais, como a implantação de QRCode para o uso de mobiles, tour virtual para acesso remoto, ou áudio descrição das obras. Como ainda há poucas publicações acadêmicas sobre o Museu Florestal Octávio Vecchi, será realizada pesquisa do tipo exploratória. A construção de um aporte teórico que avalie as convergências e divergências entre os conceitos e práticas de divulgação científica, extensão rural, educação ambiental poderá subsidiar não apenas este estudo, mas outras pesquisas referentes ao Museu Florestal, bem como a outros órgãos ou instituições análogas. Espera-se ainda, a partir da revisão conceitual e da análise do potencial do Museu Florestal para a divulgação científica, não apenas propor o uso de ferramentas tecnológicas adequadas para potencializar a atividade, mas realizar sua implementação. Um desdobramento futuro desta pesquisa será a avaliação da efetividade dessas ferramentas já implementadas.