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Arte e ciência: a colaboração profícua do meio artístico na imagiologia médica

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A presente pesquisa tem como objetivo apresentar dados que confirmem o uso de diferentes linguagens artísticas pelas ciências exatas, biológicas e da saúde, com a finalidade de se evidenciar a mútua colaboração entre diferentes áreas do conhecimento. Inserida no contexto dos Estudos Visuais, vislumbra-se com essa proposta, uma perspectiva metodológica transdisciplinar, capaz de ampliar os limites epistemológicos dos saberes já instituídos. De modo contributivo, pode-se buscar relações entre as teorias do signo, a história, a sociologia, as teorias da percepção, a antropologia, e as poéticas da imagem e suas respectivas aplicações em campos diversos. Com enfoque no uso de imagens na medicina, em específico na imagiologia médica da neurociência, pretende-se pôr em debate o modo através do qual a ciência médica faz usos diversos das habilidades e dos produtos imagéticos para cumprir com seus propósitos, seja para realizar um diagnóstico, seja para executar um procedimento cirúrgico, ou ainda, para se estudar o corpo humano com desígnios puramente científicos. Motivada pelos estudos de Carl Schoonover sobre a estrutura e funções cerebrais, nas quais o cientista mostra desde as primeiras concepções do órgão humano por meio de desenhos hipotéticos, até o recente mapeamento dos impulsos elétricos obtido através de tecnologia de ponta, esta investigação buscará criar relações entre os âmbitos científico, artístico e sociocultural que possibilitaram a profícua aliança entre arte e a ciência. Esse estudo, portanto, vislumbrará desde práticas realizadas em solo romano e alexandrino do Século I por Galeno de Pérgamo, passando pelas descrições impressas e ilustrações das dissecações humanas do período Renascentista de Andreas Vesalius e DaVinci, até chegar nos procedimentos altamente tecnológicos e computadorizados do Século XI. Não obstante, serão indicados outros casos nos quais a ciência influenciou a arte e vice-versa, como por exemplo, nas invenções científicas que permitiram a apropriação de procedimentos para criação de imagens visuais dentro das artes, bem como experimentos artísticos que instigaram cientistas a criar equipamentos capazes de capturar, registrar ou produzir e transmitir imagens ao longo da História. Alguns teóricos defendem a ideia de que a ciência influencia diretamente a visão dos artistas, principalmente na contemporaneidade, quando muitos têm a noção equivocada de que “tudo é arte”. Arthur I. Miller em Colliding Worlds descreve como a ciência de ponta tem inspirado artistas da atualidade a pensar e a confeccionar suas obras, enquanto que, por outro lado, Siân Ede em Art and Science propõe que os insights artísticos são tão importantes em seus próprios termos quanto os da ciência são nos seus, e que se faz necessário acomodar ambas as formas de conhecimento. Nesse sentido, há também A Criação Científica, de Abraham Moles, que outorga como a criatividade, esse famigerado combustível da mente inventiva, se faz valer de métodos do processo criativo tanto do engenheiro, como do físico, como também do artista, para citar alguns exemplos. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, cujos objetivos são de natureza descritiva, e com procedimentos bibliográficos, visto que se pretende realizar um levantamento das referências teóricas já publicadas. Quanto à relevância do objetivo proposto, cumpre dizer que não foram encontrados resultados nos sistemas de buscas de teses e dissertações em plataforma diversas. Isso indicaria o pioneirismo dessa pesquisa no que tange à aproximação entre diferentes áreas do conhecimento que utilizam da produção de imagens para alcançar os seus objetivos, seja a criação de uma obra de Arte, seja no diagnóstico de um paciente pela Medicina, seja pela descoberta de alguma nova forma de vida na Biologia, ou ainda a exploração de regiões desconhecidas pela humanidade na Astronomia. De maneira similar ao modo como Eliane Strosberg indica no livro Art & Science, ou como Stephen Wilson mostra em Art + Science Now, acredita-se que ambas, arte e ciência, traçam um caminho conjuntamente rumo à compreensão da natureza ao construir artifícios que auxiliam o ser humano a melhor vê-la. Assim, além de atestar a natureza estética, sensorial e provocativa da arte, espera-se, com essa investigação, realçar o caráter interdisciplinar dos projetos artísticos e do modo como a produção de imagens é aplicada no cotidiano para os mais diversos fins, principalmente como uma forma singular e eficaz de comunicação.