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Experiência pessoal na divulgação científica em jornais impressos do interior paulista

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Este trabalho tem por objetivo fazer o relato de experiência pessoal na utilização de veículos impressos de comunicação para a divulgação crítica de ciência e tecnologia. Motivado pelo trabalho pioneiro de José Reis, procurei manter uma coluna de divulgação de ciência e tecnologia, incorporando temas de educação e meio ambiente, em jornais impressos nas cidades em que desenvolvi atividade profissional em pesquisa e educação superior. Em agosto de 2009, a proposta foi feita à editora do Jornal Guaypacaré, da cidade de Lorena (SP), localizada no Vale do Paraíba, que passava a receber um campus da Universidade de São Paulo (USP), com cursos de engenharia, incorporando a extinta Faculdade de Engenharia Química de Lorena (Faenquil). Após a ressalva para se tratar prioritariamente de assuntos locais, dada a abrangência regional do jornal, a primeira coluna foi publicada em 22 de agosto de 2009 e mantida por mais de quatro anos, cujos 222 textos impressos foram incorporados no livro Transformações na Terra das Goiabeiras, editado pela Academia de Letras de Lorena e publicado em 2017 (352 p.). O Jornal Guaypacaré deixou de circular em abril de 2014 e foi continuado no site O Lorenense (http://olorenense.com.br/author/adilson/) a partir de outubro daquele ano, mantido pela jornalista Graziela Staut, com atualização semanal até 2016 e, atualmente, com publicação quinzenal de artigos sobre ciência e tecnologia. O título dessa coluna é O Saber Acontece, ressaltando o dinamismo do conhecimento. Também foi feita a proposta de colunas para editorias de jornais impressos do interior paulista, com pronta aceitação no Jornal Cidade de Rio Claro, com publicação quinzenal vinculando a divulgação das atividades de C&T com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), e o jornal O Regional, de São Pedro (SP), com publicação mensal de uma coluna específica, intitulada O Engenho e Arte, inspirada nos primeiros versos de Os Lusíadas, e voltada a assuntos da agroindústria sucroalcooleira, com ênfase na biorrefinaria e bioenergia. O projeto quase homônimo Engenho e Arte foi desenvolvido na USP-Lorena com o intuito de estimular a escrita não científica a alunos dos cursos de engenharia. Outros veículos impressos são mais reticentes à publicação e a fazem de forma esporádica, como Correio Popular (Campinas) e Gazeta de Piracicaba. Veículos de grande circulação, como os que têm sede na capital paulista, ou seja, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, e o relançado Jornal do Brasil, refutam a publicação, apesar do editor deste último ter respondido a contato por e-mail dizendo-se interessado em publicar os textos de C&T. Há um público leitor do jornal impresso, mesmo quando não reproduzido em meio digital. O retorno pelas cartas dos leitores é mínimo, quando inexistente. Os editores desses veículos afirmam ser importante a parceria e primam por continuá-la, uma vez que são textos publicados sem pagamentos. Para ampliar a abrangência do público leitor, os artigos publicados são disponibilizados nas redes sociais Facebook e Twitter na forma de figura escaneada, o que aumenta o interesse pelo clique na imagem e eventual leitura do conteúdo. Os comentários são, via de regra, favoráveis, com ênfase na concordância com as opiniões exaradas e estímulo para a manutenção dos textos. Por meio da Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp, artigos de opinião que são enviados são prontamente disponibilizados em sua página, com acesso às assessorias de imprensa de veículos impressos e eletrônicos de todo o país. Usando desse caminho, mas com textos não necessariamente com foco exclusivo em C&T, há publicação regular em veículos da Grande São Paulo, do Norte, Sul e Centro-Oeste do país, bem como no Jornal Cidade de Bauru e no Diário de Assis, localidades que possuem tradicionais campus da Unesp. A percepção, mais do que uma conclusão, é que existe a necessidade e o interesse dos leitores por assuntos de C&T e que o jornal impresso ainda é uma fonte importante de informação, mas a combinação de conteúdo aprofundado com visibilidade digital parece ser a melhor forma de se fazer a divulgação científica