85788

Educação Ambiental Crítica e Cinema: Uma discussão a partir do filme Rio

Favoritar este trabalho

É sabido que desde a Revolução Industrial o mundo tem sofrido com problemas ambientais por consequência de urbanizações desenfreadas, provocando mais desigualdades sociais, expulsando a população rural do campo para a cidade, a substituição de homens por máquinas, o desmatamento e as repressões. Pretende-se aqui, entender como o filme Rio pode auxiliar no processo de ensino-aprendizagem na compreensão da realidade ambiental brasileira. O cinema de animação tem a capacidade de penetrar nas casas com certa velocidade, fazendo pensar sobre seu potencial pedagógico. Além disso, o aspecto cultural abordado pelos filmes pode influenciar de maneira significativa a forma como os alunos vão enxergar o mundo, por isso, é preciso que o professor entenda seu papel no processo de mediação em sala de aula. A partir dessa mediação, o filme torna-se importante recurso pedagógico no processo de ensino, auxiliando na formação de sujeitos capazes de reconhecer a realidade e assim atuar nela de maneira ativa de modo a transformá-la. Neste sentido, o presente trabalho tem por objetivo analisar os potenciais encontrados no filme Rio (2011) para a educação ambiental. O filme é dirigido por Carlos Saldanha e produzido por Chris Jenkins e Bruce Anderson e retrata as questões ambientais de maneira pouco crítica reforçando, dessa forma, uma visão conservacionista de ambiente. A história do filme Rio gira em torno de uma ararinha-azul, chamada Blue, que nasceu na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, e acaba sendo capturada na floresta e levada para a cidade de Moose Lake, Minnesota, nos Estados Unidos. Neste local ela foi criada e voltou ao Brasil por intermédio de um ornitólogo chamado Túlio. Blue é o último macho de sua espécie e Túlio gostaria que acasalasse com uma fêmea que está no Rio de Janeiro a fim de contribuir com a preservação da espécie. O filme debate a ecologia, também considerada uma instituição social. Nesse caso, pode-se destacar a preservação e extinção de espécies e o cuidado com o meio ambiente, mas é preciso pensar em qual tendência de educação ambiental o filme se concentra, pois ao não abordar de maneira crítica o ambiente da cidade do Rio de Janeiro, o filme possibilita que não haja uma reflexão acerca das condições que levaram a tais situações. A animação mostra, ainda, um Brasil inclinado à alegria, apesar de suas mazelas sociais; também reduz a criminalidade do país à população que vive em favelas e apresenta a questão do tráfico de animais de maneira superficial, não discutindo as questões que envolvem o ‘mundo’ do crime. Esse recorte impede uma visão, em sua totalidade, das questões que envolvem o ambiente da cidade do Rio de Janeiro. Diante disso, uma análise mais social do filme é necessária, pois só assim será possível utilizá-lo em uma perspectiva crítica para o ensino de Educação Ambiental, uma vez que esta visão tem o papel de entender o ambiente em sua totalidade, ou seja, inclui as questões políticas, éticas, culturais e sociais que o envolvem e, assim, contribuir para o despertar de uma visão crítica das questões ambientais. Portanto, a Educação Ambiental, vista nesta perspectiva, deve estar presente e articulada com todos os níveis de educação brasileira, de modo que permita retratar a relação entre as pessoas e o ambiente por meio de uma crítica à ordem social vigente baseada no modo de produção capitalista o qual reproduz uma sociedade injusta, desigual e que não está preocupada com as questões sociais que permeia as questões ambientais.