Anais do Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde
Anais do 9º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde - Vol. 2, 2023

Apresentação/Introdução A discriminação racial é um processo no qual os membros de um grupo socialmente definido são tratados de forma diferente (especialmente injustamente) devido à participação nesse grupo e estereótipos relacionados à raça/cor. No cotidiano brasileiro, a população negra vive em situação de exclusão, marginalidade e discriminação que a coloca em posição de maior vulnerabilidade aos agravos à saúde. Para medir a experiência de discriminação racial e sua relação com a saúde do indivíduo existe a forma direta e indireta. Indiretamente, analisa-se os problemas de saúde conforme classificações raciais, utilizando as categorias “raça” ou “cor” e pelo emprego de técnicas estatísticas para ajuste das diferenças detectadas para fatores de confusão. Este tipo de análise desconsidera os motivos pelos quais as experiências discriminatórias envolvendo os vários aspectos de vida e as interseções inter-relacionadas afetam a saúde das populações. Ao analisar tais categorias como proxies da experiência discriminatória, tem-se como pressuposto que determinados grupos racializados a sofrem em maior frequência e intensidade do que outros. Já a forma direta é a partir de instrumentos desenvolvidos para medir quantitativamente as experiências discriminatórias de modo que permita relacioná-las aos agravos ou comportamentos de saúde, considerando as relações étnico-raciais e o processo sócio histórico de como foi construído o racismo nos contextos em que serão utilizados. Objetivos Revisar os instrumentos utilizados no Brasil para medir a experiência de discriminação racial autorrelatada. Metodologia Trata-se de uma revisão integrativa da literatura conduzida com base nas recomendações previstas no PRISMA Statement. Primeiro, procedeu-se a identificação do tema e a formulação da questão de pesquisa: quais são os instrumentos utilizados no Brasil para medir a experiência de discriminação racial autorrelatada? Este estudo foi elaborado por meio da estratégia PICo (População, Interesse e Contexto), no qual “P” corresponde à população: população em geral; “I” à variável de interesse: escalas de discriminação racial; e “Co” o contexto: brasileiro. Em seguida, buscou-se por Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e do Medical Subject Headings (MeSH) para identificar os termos adequados à pesquisa que foram associados aos operadores booleanos AND e OR. As buscas simples nas bases de dados MEDLINE/PubMed (via National Library of Medicine), SciELO, Periódicos Eletrônicos em Psicologia (Pepsic), e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), ocorreram no mês de junho de 2023. A estratégia de busca utilizada em todas as bases foi ("Racism" OR "Discrimination" OR "Prejudices" OR "Racial discrimination" OR "Racial Discriminations" OR "Racial Prejudice" OR "Racial Prejudices" OR "Racial Bias" OR "Everyday Racism" OR "Covert Racism" OR "Social Discrimination") AND (“Questionnaire” OR “Surveys and Questionnaires”) AND ("Brazil"), e no Pepsic (“Discrimination” AND “Brazil”). Foram incluídos artigos originais disponíveis na íntegra, sem filtro de tempo e de idioma. Os critérios de exclusão foram artigos de revisão de literatura ou metanálise, monografias, dissertações e relatórios. Resultados e discussão Foram identificados os seguintes números de estudos em cada base: SciELO (n = 17), Pubmed (n = 220), Pepsic (n = 45) e BVS (n = 419), totalizando 701. Após a leitura do título, foram selecionados 30 artigos, destes, 13 eram duplicados, quatro não foram realizados no Brasil ou não envolvia a discriminação racial, com inclusão de 13 artigos. Como forma de garantir a inclusão do número máximo de estudos, foi realizada também a busca nas referências dos artigos previamente selecionados nesta fase e que não tenham surgido na busca eletrônica, com inclusão de mais seis relatos. Assim, a amostra final foi de 18 artigos. As escalas utilizadas em estudos no Brasil identificadas foram: Escala de Discriminação Explícita, Experiência de discriminação; Escala de Discriminação Cotidiana; Schedule of Racist Events; Intersectional Discrimination Index; Lifetime Major Events Scale. A síntese evidenciou que os instrumentos Lifetime Major Events Scale, Escalas de Discriminação Cotidiana e de Discriminação Explícita foram os mais utilizados nas pesquisas realizadas no Brasil. Conclusões/Considerações finais Diante da complexidade do problema do racismo como determinante social da saúde da população negra, faz-se necessário avaliar a experiência de discriminação racial a partir de instrumentos validados e amplamente utilizados no contexto brasileiro. Apresentação/Introdução A hierarquização dos níveis de atenção à saúde tem sido superada pela ideia da organização por meio das Redes de Atenção à Saúde (RAS), em que o papel central da Atenção Primária à Saúde (APS) se configura como porta de entrada principal do Sistema Único de Saúde (SUS), ordenadora e coordenadora do cuidado, sendo a Estratégia Saúde da Família (ESF) a escolha prioritária. A APS tem papel fundamental no cuidado à saúde dos indivíduos sendo capaz de resolver de 80 a 90% dos problemas de saúde da população. Assim, ações dirigidas aos adolescentes ainda são apontadas como lacunas nas políticas governamentais e nas práticas profissionais, tornando esse público ainda mais vulnerável. Mitigar as iniquidades e a pobreza, aumentar oportunidades e agir diretamente sobre os determinantes sociais da saúde, continua sendo uma prioridade para este grupo populacional. É de suma importância instituir políticas públicas mais efetivas e resolutivas em todas as esferas de gestão, bem como assegurar a integralidade do cuidado em rede, buscando superar a fragmentação da assistência por ciclos de vida e minimizando a negligência com os cuidados aos adolescentes. Objetivos Analisar o cuidado à saúde do adolescente prestado pelo modelo de Atenção Primária à Saúde do município de Caruaru.