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PESQUISA DO Paracoccidioides brasiliensis EM AMOSTRAS AEROSSÓIS AMBIENTAIS COM CAMUNDONGOS IMUNOSSUPRIMIDOS.

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A paracoccidioidomicose (PCM) é uma micose sistêmica causada por Paracocidioides brasiliensis (Pb) e P. lutzii que possuem uma fase de crescimento no solo. Atividades agrícolas e outras profissões em que o solo é revolvido continuamente geram aerossóis, e os trabalhadores ficam expostos as partículas infectantes do fungo (conídos/artroconídos). Em nosso experimento, amostras aerossóis ambientais foram obtidas por amostradores ciclônicos (NIOSH/CDC) acoplado a uma bomba de sucção de ar com vazão de 3,5L por hora, fixado em tratores durante o preparo de solo na Fazenda Edgárdia (UNESP, Botucatu). As amostras aerossóis foram tratadas e suspensas em PBS e inoculadas em camundongos BIOZZI que foram previamente submetidos a um esquema de imunossupressão por Cyclofosfamida (CY 200mg/kg i.p.). Um grupo de animais recebeu a dose de 0,1mL, divididas em duas doses de 50µl por via intradérmica nas patas posteriores; um segundo grupo recebeu a mesma dose de 0,1mL por via subcutânea. O esquema de imunossupressão foi efetuado até 21 dias após a primeira dose das amostras. Depois deste período os animais não receberam mais CY e 15 dias depois foram desencadeados na pata posterior direita com 50µl de antígeno somático de Pb (AgPbT10), para avaliarmos uma possível reação de hipersensibilidade tardia (HT). Após análise das medidas das patas (24h e 48h), os animais foram eutanasiados e seus órgãos (baço e fígado) cultivados em Mycosel Agar (35ºC) para isolamento fúngico. As reações de HT foram avaliadas pelo espessamento das patas e analisadas histologicamente por coloração de HE, onde confirmou-se a presença de infiltrado de monócitos no local e sensibilização de células T antígeno específicas, demonstrando assim, que Paracoccidioides spp e/ou seus fragmentos (restos miceliais e conídias) devam estar presentes nas amostras ambientais (solo/aerossol). A área de coleta é positiva para P. brasiliensis, tanto por isolamento direto de Pb em órgãos de tatus D. novemcinctus, como pela detecção molecular em amostras aerossóis e de solo. No entanto, o isolamento do fungo a partir do baço e fígado dos camundongos foi negativo. Os dados obtidos comprovam a dificuldade de isolamento ambiental deste patógeno, ao mesmo tempo em que sugere possível ocorrência relativamente frequente do fungo em aerossóis de áreas endêmicas, porém em concentrações baixas e/ou com pouca viabilidade.