A resistência aos desinfetantes e sanitizantes pode ter um significante impacto sobre a saúde animal e humana. Alguns estudos tem demonstrado a existência de co-resistência entre amostras bacterianas com perfil de resistência a antibióticos e desinfetantes. O objetivo deste estudo foi avaliar a ação dos desinfetantes sobre APEC com perfil de resistência antimicrobianos na presença de matéria orgânica. Para tanto utilizou-se E. coli ATCC 25922 (controle) e APEC resistente a amoxicilina e enrofloxacina isolada de aves com quadro clínico de colibacilose. Os micro-organismos foram cultivados em ágar nutriente, 37°C por 24h. No dia seguinte ajustou-se a suspensão bacteriana de colônias para 0,5 na escala Mac Farland. Os testes foram realizados em tubos de ensaios contendo 1mL da suspensão bacteriana e 1mL da solução do desinfetante (amônia quaternária (AQ) 1:100 ou hipoclorito de sódio (‎NaClO) a 1%), para os controles utilizou-se PBS. Soro albumina bovina (BSA) esterilizada foi empregada para simular a matéria orgânica (MO) nos testes. Foram realizados dois ensaios: A e B, nos quais foram adicionados 1% e 16% de BSA, respectivamente. Ensaio A: G1: E. coli ATCC e PBS, G2: E. coli ATCC e AQ, G3: APEC e PBS, G4: APEC e AQ, G5: E. coli ATCC e NaClO e G6: APEC e NaClO. Ensaio B: G7: E. coli ATCC e PBS, G8: E. coli ATCC e AQ, G9: APEC e PBS, G10: APEC e AQ, G11: E. coli ATCC e NaClO, e G12: APEC e NaClO. Cada grupo foi incubado a 30°C e nos tempo de contato de 5, 10, 20min e 24 h uma alíquota de 100 µL foi coletada para a determinação de UFC/mL. O inóculo inicial do Ensaio A foi 2,8 x 10⁷ UFC/mL tanto para E. coli ATCC quanto para APEC. Ensaio B foi 2,6 x 10⁸ UFC/mL e 3,4 x 10⁸ UFC/mL para E. coli ATCC e APEC, respectivamente. No ensaio A, não houve contagem bacteriana nos grupos tratados com desinfetantes já aos 5 min de contato. Todavia, no ensaio B, notou-se que todos os tratamentos apresentavam crescimento ainda aos 20 min de contato: G7: 9,6x10⁷; G8: 2,6x 10⁶; G9: 4,6x10⁷; G10: 4,6x10⁷; G11: 2,1x10⁷ e G12: 2,8x10⁷ UFC/mL, indicando que 16% de MO interferiu na ação dos produtos. No que tange a sensibilidade bacteriana foi possível observar que em APEC na presença de AQ apresentou maiores valores de UFC aos 20 min em relação ao controle. Quando as amostras foram mantidas até 24h observou-se que todos os tratamentos com exceção dos controles apresentaram valores iguais à zero.